Zelensky quer linha da frente como "ponto de partida das negociações"
- 21/10/2025
O Presidente ucraniano defendeu, esta terça-feira que "a linha de frente do combate deve ser o ponto de partida para as negociações de paz" entre a Ucrânia e a Rússia.
Esta posição foi defendida, num comunicado, por vários líderes europeus, além de Zelensky.
"Apoiamos veementemente a posição do Presidente [norte-americano, Donald] Trump de que os combates devem cessar imediatamente e que a atual linha da frente deve ser o ponto de partida para as negociações. Continuamos comprometidos com o princípio de que as fronteiras internacionais não devem ser alteradas pela força", salientam os membros da chamada Coligação de Vontades, numa posição hoje divulgada.
"Estamos convictos de que a Ucrânia deve estar na posição mais forte possível - antes, durante e após qualquer cessar-fogo", adiantam na declaração conjunta os presidentes do Conselho Europeu, António Costa, e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, bem como o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
Subscrevem ainda o chanceler alemão Friedrich Merz, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, o Presidente francês Emmanuel Macron, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, o primeiro-ministro polaco Donald Tusk, a primeira-ministra da Dinamarca Mette Frederiksen, o primeiro-ministro norueguês Jonas Store e o Presidente finlandês Alexander Stubb.
Nas vésperas de uma reunião do Conselho Europeu, na quinta-feira, e de uma reunião por videoconferência da Coligação de Vontades no dia seguinte, os responsáveis observam que "as táticas de adiamento da Rússia têm demonstrado repetidamente que a Ucrânia é a única parte seriamente empenhada na paz", já que o Presidente russo, Vladimir Putin, "continua a optar pela violência e pela destruição".
Ainda assim, os subscritores manifestam "desejo de uma paz justa e duradoura, merecida pelo povo da Ucrânia", razão pela qual pede mais " pressão sobre a economia russa e a sua indústria de defesa, até que Putin esteja pronto para fazer a paz".
Desde logo, a União Europeia está a "desenvolver medidas para utilizar todo o valor dos ativos soberanos russos imobilizados, para que a Ucrânia tenha os recursos de que necessita", é ainda mencionado, numa alusão ao empréstimo de reparações assente nos bens congelados do banco central da Rússia e que será usado para colmatar necessidades financeiras de Kiev.
A Ucrânia foi invadida em fevereiro de 2022 e, desde então, não tem havido qualquer avanço nas negociações de cessar-fogo.
Desde que regressou à Casa Branca, no início deste ano, Donald Trump deu passos diplomáticos para tentar mediar um cessar-fogo imediato e buscar garantias de segurança para a Ucrânia.
Mais recentemente, o Presidente norte-americano propôs que as partes "parassem onde estão" no terreno e considerou que a Ucrânia poderia ter de fazer concessões territoriais, especialmente na região do Donbass.
A proposta provocou preocupação em Kiev e nos países europeus, que sublinharam que qualquer acordo tem de respeitar a soberania da Ucrânia e não pode recompensar a invasão pela força.
A Rússia rejeita algumas das ideias propostas (como a linha de contacto fixa) e mantém exigências próprias sobre a rendição da Ucrânia em certas regiões.
A diplomacia de Trump está a provocar realinhamentos, já que, à semelhança do que aconteceu hoje, líderes europeus emitiram declarações conjuntas que acolhem o seu papel de mediação.
Mas tal mediação suscita dúvidas sobre se os Estados Unidos vão continuar a empenhar-se se não houver progressos concretos.
[Notícia atualizada às 10h10]
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