Vitória de Mamdani em Nova Iorque divide imprensa e analistas. Que se diz
- 06/11/2025
Num artigo de opinião, o Conselho Editorial do The Wall Street Journal (WSJ), diário tradicionalmente mais próximo de posições do Partido Republicano, avaliou que Nova Iorque está em "declínio" desde que Mike Bloomberg deixou a liderança da cidade, em 2013, e considerou que a vitória de Mamdani mostra como "os eleitores estavam dispostos a correr o risco de apostar no seu radicalismo em nome da mudança".
"Em breve saberemos se o deputado estadual de 34 anos tem um lado pragmático ou se vê a sua missão como transformar a cidade que nunca dorme num laboratório socialista. Pelo bem da maior cidade dos Estados Unidos, esperemos que seja a primeira opção", escreveu o WSJ num artigo publicado logo após a vitória de Mamdani, na noite de terça-feira.
Já o Conselho Editorial do influente The New York Times (NYT) felicitou diretamente Mamdani pela vitória, embora referindo que não apoiou a campanha do jovem deputado estadual às primárias democratas, lançada no outono passado, "devido às preocupações com as suas propostas políticas e inexperiência".
"Mas estamos a torcer pelo seu sucesso. Nova Iorque - a cidade mais dinâmica do mundo, mas onde muitos moradores se sentem excluídos devido aos altos preços - precisa que ele tenha sucesso. O rumo da cidade é especialmente importante agora, quando o Presidente [dos Estados Unidos, Donald] Trump está a desrespeitar a lei para consolidar o poder e a retratar, falsamente, as maiores cidades do país como fora de controlo", observou.
Zohran Mamdani fez história ao ser eleito na terça-feira 'mayor' de Nova Iorque pelo Partido Democrata, tornando-se o primeiro muçulmano e progressista declarado a liderar a maior cidade dos Estados Unidos e capital financeira do país.
Com apenas 34 anos, Mamdani teve, num curto espaço de tempo, uma ascensão improvável, audaciosa e imparável, conseguindo o feito de derrotar Andrew Cuomo, um veterano político que contava com o apoio de nomes poderosos do mundo da política e das finanças, como o ex-presidente Bill Clinton ou o empresário e ex-autarca de Nova Iorque Michael Bloomberg.
A sua campanha esteve alicerçada na aspiração de tornar Nova Iorque numa cidade mais barata para quem nela mora.
Com promessas ambiciosas, Mamdani pretende "congelar as rendas, tornar os autocarros rápidos e gratuitos e oferecer creches universais e gratuitas".
Propôs taxar os ricos para resolver a crise de acessibilidade económica da cidade, o que o levou a ser caracterizado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, e por outros republicanos como um "comunista" e "extremista".
O NYT considera que Mamdani não pode resolver a desigualdade económica da cidade, mas acredita que o democrata pode fazer progressos.
"Ele pode construir mais moradias. Ele pode expandir a disponibilidade de creches e boas escolas. Ele pode melhorar a velocidade dos autocarros e do metro. Se for bem-sucedido, irá oferecer um modelo de governação do Partido Democrata num momento em que muitos americanos estão céticos em relação ao partido", sublinhou o Conselho Editorial.
Por outro lado, o New York Post, um 'tabloide' diário conservador que fez campanha direta contra Mamdani, defendeu que a eleição do candidato democrata foi uma "oportunidade perdida" para a cidade.
Na capa de hoje, o New York Post associou Mamdani a símbolos comunistas, com uma ilustração do novo 'mayor' na qual aparece com uma foice e um martelo na mão.
Se alguns títulos e analistas descreveram Mamdani como um comunista em "guerra" com o Presidente do país, outros estão a encarar o democrata de 34 anos como alguém que alcançou uma "vitória progressista" histórica.
Para o colunista do jornal Politico Alexander Burns, a eleição de terça-feira mostrou que os eleitores "não aguentam mais o 'Bidenismo'", numa referência à era do ex-presidente democrata Joe Biden.
Burns afirmou que os democratas recorreram a medidas drásticas em Nova Iorque, ao abraçarem "o radicalismo ideológico e elevarem um ativista de extrema-esquerda de 34 anos a um dos cargos executivos mais controversos do país", referindo-se a Zohran Mamdani.
O colunista acredita que Mamdani em breve enfrentará um teste árduo à sua credibilidade, à medida que os nova-iorquinos esperam ações concretas em relação ao custo de vida, à qualidade de vida e às questões de segurança pública que têm desafiado líderes mais experientes.
A revista The New Yorker, por sua vez, destacou que "a era Mamdani começa" e que, embora os seus oponentes tenham tentado "desacreditá-lo pela sua juventude, inexperiência e ideologia de esquerda", os nova-iorquinos "não queriam um político experiente como 'mayor'".
A publicação também revelou a capa da edição da próxima semana, que apresenta uma ilustração de Mamdani sorrindo numa carruagem de metro, cercado por viajantes de todas as raças e religiões, refletindo a realidade social da cidade.
Já a revista The New York Magazine escreveu que Mamdani irá "enfrentar os enormes desafios de governar".
"Por mais eufóricos que Mamdani e os seus seguidores estejam, começam a compreender os enormes desafios que os aguardam. Em circunstâncias normais, Nova Iorque já é uma cidade incrivelmente difícil de governar", destacou a publicação.
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