Vítimas de ataques dos EUA nas Caraíbas incluem criminosos e pescadores

  • 08/11/2025

Alegando que as 17 embarcações eram operadas por narcoterroristas e membros de cartéis que transportavam drogas letais para os Estados Unidos, o governo Trump tem vindo a realizar ataques regulares desde setembro, dos quais já resultaram mais de 60 mortos.

 

No primeiro registo detalhado dos que morreram nos ataques, e através de dezenas de entrevistas em da costa nordeste da Venezuela, a Associated Press (AP) descobriu a identidade de quatro dos homens mortos e recolheu informações sobre pelo menos outros cinco.

Os habitantes do local e familiares das vítimas admitiram que os homens mortos traficavam droga, mas rejeitam que fossem narcoterroristas, líderes de cartéis ou gangues.

As mesmas fontes, que pediram anonimato por temerem represálias por parte dos traficantes ou dos governos venezuelano e norte-americano, coincidiram ainda em que a maioria dos nove homens tripulava embarcações deste tipo pela primeira ou segunda vez, ganhando pelo menos 500 dólares por viagem. 

Os cinco cuja identidade foi confirmada, incluem um ex-militar, um pescador, um moto-taxista e dois pequenos criminosos.

Na altura das entregas de droga, usavam pequenos barcos de pesca de casco aberto, movidos a potentes motores fora de bordo, para transportar a droga até Trindade e Tobago e outras ilhas próximas. 

O pescador, Robert Sánchez, tinha 42 anos e era considerado um dos melhores pilotos da península, ao ponto de conseguir navegar à noite sem instrumentos; terá aceite a oferta de narcotraficantes porque queria juntar dinheiro para comprar um motor de barco de 75 cavalos para deixar de depender de outros para os seus rendimentos de cerca de 100 dólares por mês, que se destinavam sobretudo à alimentação dos filhos.

Luis "Che" Martínez, de 60 anos, era um chefe do crime local dedicado ao tráfico de droga e pessoas, conhecido pela sua contribuição anual para a festa da Virgem do Vale, padroeira dos pescadores, e os seus gastos extravagantes em lojas e restaurantes locais, além da participação nas lutas de galos, um passatempo popular.

Outras vítimas identificadas pela AP são Dushak Milovcic, de 24 anos, ex-militar que terá sido atraído para o crime pela adrenalina e pelo dinheiro, e Juan Carlos "El Guaramero" Fuentes, condutor de transporte público há vários anos e que enfrentava sérias dificuldades financeiras desde que o veículo avariou.  

Segundo as fontes consultadas pela AP, os traficantes de alto nível que normalmente tripulavam estes barcos têm ficado em terra para evitar serem alvejados, contratando em seu lugar novatos como Fuentes.

Os conhecidos das vítimas manifestaram indignação por os homens terem sido mortos extrajudicialmente, quando no passado os barcos de narcotráfico eram intercetados pelas autoridades norte-americanas, que detinham e acusavam os tripulantes de crimes federais.

O governo norte-americano "devia tê-los impedido", disse um familiar de um dos homens.

Dado que os gangues criminosos e o governo venezuelano reprimem há muito a informação na região, os familiares têm tido dificuldades em obterem informações sobre as vítimas.

Enquanto as autoridades venezuelanas criticaram Washington pelas "execuções extrajudiciais", o governo Trump afirma que os cartéis de droga usam "combatentes ilegais", com os quais está num "conflito armado". 

Trump disse que cada barco afundado salva 25.000 vidas norte-americanas - presumivelmente de overdoses - mas os barcos parecem ter transportado cocaína, e não os opióides sintéticos muito mais letais que matam dezenas de milhares de pessoas todos os anos, segundo a AP.

A região é um importante ponto de trânsito para a cocaína que sai da Colômbia em direção a ilhas das Caraíbas antes de seguir para a Europa; a cocaína colombiana destinada aos Estados Unidos é geralmente contrabandeada da Colômbia através da costa do Pacífico.

Sean Parnell, porta-voz do Pentágono, disse à AP que o Departamento de Defesa "mantém a avaliação de que os indivíduos envolvidos nestas operações de tráfico de droga eram narcoterroristas", tal como indicado pelos serviços de informações.

Paralelamente, Washington tem aumentado a pressão sobre o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, duplicando a recompensa pela sua captura, para 50 milhões de dólares, e mobilizando meios militares significativos no Mar das Caraíbas e nas águas próximas da Venezuela. 

Leia Também: Novo ataque aéreo dos EUA contra um navio faz três mortos nas Caraíbas

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2884917/vitimas-de-ataques-dos-eua-nas-caraibas-incluem-criminosos-e-pescadores#utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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