Um pedaço de história que se foi. Morreu adepto que carregou Maradona
- 21/10/2025
Primeiro morreu Diego Armando Maradona e agora quem o carregou em ombros. O futebol argentino está de luto depois da morte, no passado domingo, de Roberto Cejas. Os dois foram os protagonistas de uma das imagens mais icónicas da história do futebol.
Tudo remonta ao Campeonato do Mundo de 1986, no México. Roberto Cejas, que morreu aos 68 anos, ficou famoso por carregar Diego Armando Maradona nos ombros após a vitória da Argentina na final desta competição. Morreu vítima de doença prolongada.
Cejas, natural da cidade argentina de Santa Fé, ficará na memória de todos os apaixonados pelo desporto-rei por ter participado num momento histórico. Aos 29 anos, este conhecido adepto viajou para o México para tentar assistir à final do Campeonato do Mundo de 1986, que decorreu no Estádio Azteca, na Cidade do México.
Sem bilhete, Roberto Cejas teve de fugir à polícia e saltar um fosso para conseguir entrar no estádio. Após o apito final do encontro diante da Alemanha, ajuizado pelo brasileiro Romualdo Arpi Filho, saltou para o relvado e no meio da multidão levantou em ombros Maradona, depois da partida que consagrou a albiceleste como campeã mundial pela segunda vez.
Em entrevista anos mais tarde, o na altura metalúrgico, que viajou para o México com um grupo de amigos, recordou o momento em que Maradona olhou para ele e, sem dizer uma palavra, fez um gesto que indicava que queria ser levantado.
"O Maradona olhou para mim, parou e, sem dizer uma palavra, percebi que queria que o levantasse. Ele ia-me indicando por onde ir. Os meus netos dizem que o avô levou o Maradona. É um presente que me deu a vida. Pedi-lhe uma chuteira, mas ele negou, disse que eram para a sua mãe. Não sei porque é que me calhou a mim, mas vou estar aí para sempre, debaixo do Diego", atirou Roberto Cejas.
Anos mais tarde, Diego Maradona e Roberto Cejas reencontraram-se, no programa De Zurda, durante o Campeonato do Mundo de 2014, que decorreu no Brasil, e que tinha como apresentador o próprio do antigo internacional pela Argentina.
"Demos um abraço muito bonito", lembrou Cejas. "Diego ria e dizia-me: 'Tu sabes quanto pesa a Taça, mas eu sei quanto peso com a Taça'", completou o conhecido adepto.
Após a morte de Maradona em 2020, Cejas foi contundente ao falar: "Foi algo que me deixou muito triste porque, com tudo o que ele nos deu, não o respeitámos. Além disso, há pessoas que falam sem saber de nada. Cada um tem a sua vida, não devemos olhar para a vida dele, mas sim para o que ele foi e o que nos deu. Ele é um deus para tantas pessoas. Eu digo sempre a mesma coisa: se tivessem deixado cada um de nós que o amamos cuidar dele 24 horas por dia, hoje Diego estaria vivo. Não cuidaram do Diego, não o suportaram. É terrível."
Família chora a morte de Roberto
Através de uma publicação feita na rede social Facebook no decorrer da última segunda-feira, Silvia Zabala, cunhada e mulher do irmão de Roberto Cejas, Óscar, despediu-se do familiar. "Voa alto, cunhado, agora estão todos juntos. Descansa em paz, Roberto Cejas, e lá de cima cuida de todos nós", pode ler-se na mensagem.
A publicação da cunhada de Roberto Cejas nas redes sociais© Facebook/Silvia Zabala
Também Lucas Cejas, outro familiar, homenageou Roberto nas redes sociais. "Obrigado por tudo, és o máximo. Dá um abraço na mamã, por favor", escreveu o filho no Instagram.
A publicação do jovem Lucas© Instagram/Lucas Cejas
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