Só há "paz de verdade" se autores "de genocídio" prestarem contas
- 11/12/2025
"Para reconstruir a esperança é preciso paz de verdade. E essa paz de verdade tem de estar alicerçada na justiça. Por isso, quero ser muito claro: os responsáveis por este genocídio têm de prestar contas. E terão de o fazer mais cedo ou mais tarde", afirmou Sánchez, em Madrid, ao lado do presidente da Autoridade Palestiniano, Mahmud Abbas, que hoje recebeu na sede do Governo de Espanha.
Sánchez insistiu em que só com esse "prestar de contas" as vítimas encontrarão "justiça, reparação e um certo descanso" e também só desta forma não se repetirá uma tragédia "desta magnitude".
"Só assim poderemos levantar uma paz justa e duradoura baseada na convivência. Conviver é muito mais que partilhar um espaço físico. Requer respeito e cooperação", acrescentou.
Depois de realçar que 2025 foi "o pior ano" das vidas dos palestinianos e que, segundo as Nações Unidas, há 50 milhões de toneladas de escombros na Faixa de Gaza, o líder do Governo espanhol considerou que um "acordo de paz" baseado na solução dos dois Estados (Palestina e Israel) é o primeiro passo para reconstruir o território palestiniano e para a paz.
No entanto, a questão mais desafiadora e importante "é como reconstruir a esperança e como conseguir que a paz seja muito mais que um parêntesis breve entre guerras", defendeu, lembrando que apesar de ter havido um acordo de cessar-fogo em Gaza (em vigor desde 10 de outubro), na guerra entre Israel e o grupo islamita radical Hamas, a população civil do enclave continua a ser alvo de "ataques, violência e restrições que violam os seus direitos básicos como o direito à vida à alimentação, à saúde e à liberdade de movimentos".
Sánchez prometeu a Abbas que Espanha, um dos países europeus que foi mais contundente na condenação a Israel nos últimos dois anos por causa da guerra em Gaza, continuará a "levantar a voz" para que "a situação dramática em que se encontra o povo palestiniano" não caia no esquecimento e para que o cessar-fogo seja real.
O líder do executivo espanhol prometeu ainda continuar a apoiar a Autoridade Palestiniana.
Mahmud Abbas, por seu turno, agradeceu o apoio de Espanha à Autoridade Palestiniana, ao povo palestiniano e à Palestina, que Madrid reconheceu oficialmente como Estado em maio de 2024, falando em "esforços sinceros" e num "papel líder" do executivo de Sánchez no seio da comunidade internacional em relação a esta questão.
Abbas, segundo a tradução simultânea para espanhol das declarações que fez em árabe, apelou também à "implementação completa" do plano do Presidente dos Estados Unidos (EUA) para o cessar-fogo e o fim da guerra em Gaza e que acabem todos os atos de violência na Cisjordânia.
Além deste encontro com Sánchez, Mahmud Abbas foi também recebido hoje pelo chefe de Estado de Espanha, Felipe VI, em Madrid.
Foi a primeira vez que Felipe VI se encontrou com Abbas desde que Espanha reconheceu oficialmente o Estado da Palestina.
Meses depois desse reconhecimento, em 19 de setembro de 2024, Abbas visitou Espanha e reuniu-se com o primeiro-ministro, Pedro Sánchez.
Espanha foi um dos primeiros países europeus a reconhecer o Estado da Palestina depois do início da ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, em resposta a um ataque do Hamas.
A guerra em curso em Gaza foi iniciada quando o Hamas atacou solo israelita a 07 de outubro de 2023, provocando cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar que provocou mais de 70 mil mortos, na maioria civis palestinianos, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do território, um desastre humanitário e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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