Proposta de roteiro para eliminação dos combustíveis "não é séria"

  • 20/11/2025

Os cientistas referiam-se ao texto divulgado na terça-feira pela presidência da 30.ª conferência do clima da ONU (COP30), que sobre a intenção de abandonar os combustíveis fósseis sugere três opções: organizar um 'workshop' para as partes partilharem histórias de sucesso; convocar uma reunião ministerial de alto nível para ultrapassarem progressivamente a sua dependência dos combustíveis fósseis e uma terceira opção sem qualquer texto.

 

"Um roteiro não é um 'workshop' ou uma reunião ministerial. Um roteiro é um verdadeiro plano de trabalho que nos mostre o caminho desde onde estamos até onde queremos estar e como chegar lá", escrevem os sete cientistas, incluindo alguns conselheiros da presidência da COP30, numa declaração publicada na quarta-feira.

Em declarações a jornalistas portugueses na quarta-feira à noite, à margem de um evento organizado em Belém pela Fundação Oceano Azul, um desses cientistas, o diretor do Instituto Postdam para a Investigação do Impacto Climático enfatizou a urgência de aprovar verdadeiros roteiros nestes dois temas.

"A situação é urgente e por isso apoiamos tão fortemente um roteiro para acelerar o abandono dos combustíveis fósseis (...). Um roteiro deve ser um plano de trabalho, deve ter quantificações para todos os países, com o que deve acontecer em 2026, 2027, 2028. É agora, não podemos adiar isto", disse Johan Rockström.

A necessidade de uma transição para o abandono dos combustíveis fósseis foi mencionada oficialmente pela primeira vez há dois anos na COP28 no Dubai, mas não ficou claro como nem quando.

Perante esta lacuna, o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, lançou na abertura da COP30 a ideia de um roteiro e o primeiro rascunho de texto apresentado na terça-feira pelo Brasil apresenta opções a serem negociadas. Mas o tema está longe de ser consensual entre os quase 200 países presentes.

Para Johan Rockström, no entanto, o caminho é claro: "Sabemos cientificamente que daqui para a frente temos de reduzir as emissões globais em 5% por ano e estamos atualmente a aumentar 1% por ano. Os melhores planos em cima da mesa aqui na COP30 vão reduzir as emissões em 5%, mas é ao longo de 10 anos. Ou seja, 10 vezes mais devagar do que deveriam".

O que os cientistas pedem é "o mínimo exigível, nem sequer é um caminho ambicioso, é só para evitar um perigo muito provável para milhares de milhões de pessoas no mundo", pelo que a proposta da presidência da COP30 é vista como uma provocação: "Simplesmente não é sério".

Johan Rockström recordou que o roteiro também tem de incluir a questão do financiamento, de como ajudar as economias emergentes e em desenvolvimento a abandonarem o carvão.

E é preciso "começar urgentemente, não só a deixar de investir em novas centrais a carvão, mas também a desativar as centrais existentes", o que só pode ser feito se se conseguir reduzir o risco do investimento, de modo a que as taxas de juro possam baixar, com garantias dos bancos multilaterais de desenvolvimento.

Também na desflorestação é um desafio gigante, alertou o cientista, lembrando que 25% do dióxido de carbono proveniente dos combustíveis fósseis é absorvido pelas florestas tropicais, temperadas e boreais.

O problema é que todas elas já estão a dar provas científicas de que estão a deixar de ser sumidouros de carbono para se transformarem em fontes de carbono.

"Ainda não ultrapassaram o ponto de inflexão, continuam a ajudar-nos. Mas a absorção está a diminuir" e, se começarem a perder a capacidade de absorção de carbono, será preciso andar ainda mais depressa na redução das emissões.

Por outro lado, se o oceano, que absorve outros 25% do dióxido de carbono, reduzir a capacidade de absorção, a situação ficará ainda mais difícil.

"É isso que nos deixa tão nervosos: precisamos de reconhecer que a crise climática não se resume apenas à transição energética, mas também à preservação dos oceanos, que absorvem 25% do dióxido de carbono, e da natureza terrestre, que absorve outros 25%. Cerca de 50% de todas as emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis não estão na atmosfera, mas sim na natureza e nos oceanos", avisou.

Além de Rockstrom, os outros cientistas que subscrevem a declaração divulgada na quarta-feira são Carlos Nobre, do Painel Científico da Amazónia, Fatima Denton, da Universidade das Nações Unidas, Marina Hirota, do Instituto Serrapilheira, Paulo Artaxo da Universidade de São Paulo, Piers Forster da Universidade de Leeds e Thelma Krug do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

A COP30, a decorrer desde dia 10 na cidade de Belém, na amazónia brasileira, deverá terminar na sexta-feira.

Leia Também: Comando Vermelho é fação dominante na cidade que acolhe a COP30

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2891249/proposta-de-roteiro-para-eliminacao-dos-combustiveis-nao-e-seria#utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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