Promover conciliação da vida profissional e pessoal é imperativo económico
- 18/09/2025
"O desafio que enfrentamos com o envelhecimento das sociedades europeias e as mudanças demográficas está a exercer pressão sobre os nossos mercados de trabalho", afirmou hoje a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, durante a sua intervenção no painel 'Construir locais de trabalho justos: Emprego de Qualidade e Melhor Equilíbrio entre Vida Profissional e Pessoal', no Fórum Social do Porto.
Face ao contexto demográfico europeu, a governante indicou que "os sistemas de saúde e de proteção social tornaram-se essenciais" para melhorar o mercado de trabalho e defendeu que as políticas nacionais e europeias "devem capacitar os indivíduos", especialmente as mulheres e os jovens, para participarem ativamente no mercado de trabalho, "conciliando a família e o trabalho".
"Muitos de nós sabemos o quão difícil isso é", frisou, defendendo que promover esse equilíbrio "não é apenas uma política social", mas "um imperativo económico".
É, aliás, "fundamental para reduzir as disparidades de género, resolver a escassez de mão de obra e construir mercados de trabalho resilientes entre gerações e regiões", acrescentou Inês Domingos.
Também Dubravka Suica, Comissária Europeia para a Democracia e Demografia, considerou que a qualidade dos empregos e equilíbrio entre a vida profissional e familiar "estão intimamente ligados às tendências demográficas".
No que toca às questões demográficas, Dubravka Suica destacou ainda quatro pilares, que incluem as mulheres que, apesar das qualificações, "não podem trabalhar porque têm de cuidar dos seus filhos ou dos seus pais", a habitação, dado que "as pessoas não conseguem pagar a habitação para constituir família", e a idade da reforma.
Por sua vez, o presidente da Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, fez referência à questão do teletrabalho, sublinhando que é atualmente "um dado adquirido".
"Tem funcionado razoavelmente bem" e "não tem existido grande conflitualidade", o que "não quer dizer que a evolução não justifique que algumas novas regras tenham que ser postas em causa e outras inovadas", vincou.
Já o secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), Tiago Oliveira, defendeu que "é impossível" discutir este equilíbrio "sem ter claro que as relações laborais se constroem entre partes que têm posições de poder diferentes" e defendeu que "é preciso melhorar as condições de vida e de trabalho" dos cidadãos.
Por seu turno, Beate Andrees, diretora regional da OIT para a Europa e Ásia Central, defendeu que "este debate é mais necessário do que nunca" e lembrou que os dados revelam que "as horas de trabalho excessivas não só são prejudiciais para um bom equilíbrio" na vida dos cidadãos, como também não os tornam mais produtivos.
O Fórum Social do Porto 2025, que decorre entre hoje e sexta-feira, tem como tema central "Empregos de Qualidade numa Europa Social Competitiva" e é organizado pelo Governo português com apoio a Comissão Europeia.
Leia Também: AEP quer as empresas no centro das preocupações do Governo