Palavra do ano do Dicionário de Cambridge é... parassocial. E porquê?
- 19/11/2025
Já é conhecida a palavra do ano 2025 eleita pelo Dicionário de Cambridge e é... parassocial. Um termo que se tem vindo a tornar popular e que, de certa forma, foi inspirada pelo noivado de dois famosos, a artista Taylor Swift e o jogador de futebol americano Travis Kelce.
Mas, o que é parassocial? Refere-se à sensação de ter uma relação de intimidade com uma pessoa famosa, mesmo não a conhecendo pessoalmente, seja de teor romântico ou de amizade. Também pode ser mantida com alguém criado pela inteligência artificial. Ou seja, algo equivalente a um amor platónico.
Em Portugal, sublinhe-se, o termo parassocial está (para já) restrito à linguagem de Direito. O acordo parassocial, também chamado de acordo extraestatutário, diz respeito a um acordo privado entre sócios, cujas regras não fazem parte dos estatutos, ficando o seu cumprimento apenas entre os assinantes.
Lá fora, o termo parassocial surgiu, pela primeira vez, em 1956, quando sociólogos da Universidade de Chicago observaram telespectadores a estabelecer relações parassociais com personalidades na televisão, livros, entre outros, escreve o The Guardian.
Este termo acabou por 'crescer' nos últimos tempos, tendo em conta as redes sociais e a inteligência artificial e passou assim a ser uma palavra de conhecimento geral - pelo menos nos países anglofónos.
"Parassocial destacou-se em 2025 por vários motivos. O interesse público pelo termo aumento maciçamente este ano, como podemos ver pelos nossos dados. O número de pesquisas no Dicionário de Cambridge, bem como no Google, atingindo picos. É interessante do ponto de vista da linguagem porque fez a transição de um termo académico para um usado por pessoas comuns nas suas publicações nas redes sociais. E também captura o zeitgest - espírito de época, em português - de 2025", disse o editor do Dicionário de Cambridge, Colin McIntosh.
O The Guardian revela ainda que o Dicionário de Cambridge citou, inclusive, o noivado de Taylor Swift e Travis Kelce e o álbum West End Girl de Lilly Allen como momentos parassociais do ano, com chatbots de inteligência artificial a serem também mencionados por se terem tornado confidentes, amigos ou parceiros românticos.
Simone Schnall, professora de Psicologia Social Experimental, na Universidade de Cambridge, salientou que as relações parassociais "redefiniram o fandom (fãs), a celebridade e, com a inteligência artificial, a forma como as pessoas comuns interagem online". Destacou ainda que, hoje em dia, as pessoas recorrem aos influencers digitais, uma vez que a confiança nos meios tradicionais e convencionais tem diminuído.
Assim, tudo isto pode originar "relacionamentos intensos e pouco saudáveis" com as celebridades das redes sociais. Por exemplo, os laços parassociais com celebridades como Taylor Swift pode levar a interpretações obsessivas de letras de músicas e discussões intensas na internet.
"As tendências parassociais assumem uma nova dimensão, uma vez que muitas pessoas tratam ferramentas de inteligência artificial, como o ChatGPT, como amigos", afirmou a psicóloga.
De notar que, este ano, o dicionário adicionou e atualizou palavras relacionadas com a inteligência artificial, incluindo 'slop' - termo para imagens e vídeos de IA produzidos em massa. Uma outra palavra é 'memeify', que é o ato de transformar uma imagem em meme, tornando-se viral na internet.
Recorde-se que, em agosto deste ano, as palavras Delulu, tradwife ou broligarcy passaram também a a fazer parte, oficialmente, do Dicionário Cambridge, num conjunto de seis mil novas palavras que passaram a constar do dicionário. Em causa está o facto de os especialistas acreditarem que não serão apenas moda passageira, mas sim parte do conjunto linguístico a longo prazo.
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