Nuclear: Países europeus "determinados" em repor sanções se não houver acordo
- 17/07/2025
Os ministros das Relações Exteriores dos três países europeus (E3) e a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, comunicaram ao seu homólogo iraniano Abbas Araghchi "a sua determinação em recorrer ao mecanismo denominado 'snapback' - que permite restabelecer todas as sanções internacionais contra o Irão", afirmou o Quai d'Orsay na noite de quinta-feira.
O mecanismo será ativado na ausência de "progressos concretos" para um acordo sobre o programa nuclear iraniano "até ao final do verão", adiantou a diplomacia francesa.
No âmbito do acordo sobre o programa nuclear iraniano de 2015 (JCPOA) - denunciado pelos Estados Unidos, que deixaram de fazer parte, mas ainda em vigor para Irão, E3, China e Rússia - uma cláusula permite restabelecer as sanções da ONU contra Teerão em caso de incumprimento dos seus compromissos, o chamado mecanismo de 'Snapback'.
Para poder ativar o mecanismo antes do término do JCPOA em outubro, os europeus querem avanços diplomáticos antes do final de agosto.
Teerão alertou na semana passada que a reativação dessas sanções "significaria o fim do papel da Europa na questão nuclear iraniana", enquanto permanece em suspenso uma possível retoma das discussões entre o Irão e os Estados Unidos.
O Irão admitiu esta semana reunir-se com os Estados Unidos para discutir o seu programa nuclear, mas afirmou que ainda não foi definida uma data.
"Por enquanto, não foi definida uma data, hora ou local específico para uma reunião", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Esmail Baghai, quando questionado pelos jornalistas sobre um encontro entre o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi, e Steve Witkoff, o negociador norte-americano.
Os dois responsáveis realizaram cinco rondas de negociações desde abril, com mediação de Omã, antes de Israel atacar o programa nuclear do Irão a 13 de junho, que desencadeou uma guerra de 12 dias.
Teerão e Washington deveriam reunir-se a 15 de junho, mas as negociações foram canceladas devido à guerra.
"Levámos o processo negocial a sério, entrámos de boa-fé, mas, como todos viram, o regime sionista [Israel], em coordenação com os Estados Unidos, atacou militarmente o Irão antes da sexta ronda de negociações", sublinhou Esmail Baghai.
A 22 de junho, os Estados Unidos bombardearam a instalação subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordó, a sul de Teerão, e as instalações nucleares de Isfahan e Natanz, no centro do país persa. A extensão exata dos danos é desconhecida.
Durante a guerra, Israel realizou centenas de ataques a instalações nucleares e militares iranianas e matou cientistas ligados ao programa nuclear iraniano.
O Irão retaliou com ataques de mísseis e drones contra Israel.
Tal como os países ocidentais, Israel sustenta que o Irão quer desenvolver uma bomba atómica.
Teerão, que nega veementemente ter tais ambições militares, afirma estar a desenvolver energia nuclear para necessidades civis, particularmente energéticas.
Segundo a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o Irão é o único país sem armas nucleares a enriquecer urânio a um nível elevado (60%), muito acima do limite de 3,67% estabelecido pelo acordo internacional concluído em 2015 com as grandes potências, do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018, durante o primeiro mandato de Donald Trump.
Para construir uma bomba, o enriquecimento deve ser elevado a 90%, segundo a AIEA.
[Notícia atualizada às 06h30]
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