"Nós, venezuelanos, estamos prontos para reconstruir um país em ruínas"
- 20/10/2025
"Nós, venezuelanos, estamos prontos para reconstruir um país em ruínas, com pilares muito sólidos, sobretudo pilares éticos", sublinhou.
Num discurso hoje proferido remotamente no fórum "Mundo em Progresso", organizado pelo grupo de comunicação social espanhol Prisa, sustentou que esta luta terá "um efeito direto na liberdade de Cuba e na transição da Nicarágua" e vincou que, "com coragem e amor, será possível levar a cabo aquilo que outros acreditavam ser impossível, literalmente".
Segundo Machado, o regime venezuelano tem assentado na divisão e na fratura da sociedade, "através de mentiras, impondo narrativas falsas, assumindo o controlo de todo o sistema de comunicações, investindo milhares e milhares de milhões de dólares dentro e fora do país, comprando alianças que corroboram essas narrativas" e através do medo.
A galardoada com o Nobel da Paz este ano denunciou que, desde as presidenciais de 28 de julho de 2024 -- cuja vitória, reivindicada pelo líder chavista Nicolás Maduro, grande parte da comunidade internacional não reconheceu, considerando as eleições fraudulentas -, há "milhares de cidadãos escondidos, acusados de terrorismo por terem defendido o direito a decidir".
Elogiou a tais cidadãos "a capacidade de resistência e de organizar redes para avançar para uma etapa final de transição para uma democracia em paz" no país.
"O regime está mais fraco do que nunca", sublinhou a figura de proa da oposição venezuelana, acrescentando que o mundo entendeu que a Venezuela não é mais uma ditadura --- literalmente --- e insistiu que, para haver paz, é preciso haver liberdade.
Por sua vez, o ex-presidente da Colômbia e também Nobel da Paz, Juan Manuel Santos, expressou o desejo de que este prémio sirva não só para exaltar María Corina Machado, mas "também para condenar" o atual Presidente venezuelano.
Aproveitou também a ocasião para responder ao atual Presidente colombiano, Gustavo Petro, que nega a existência do Cartel dos Sóis.
"Ele existe, e há provas mais do que suficientes", sustentou Santos, acrescentando que um relatório recente do International Crisis Group confirma isso mesmo.
O ex-chefe de Estado colombiano salientou a necessidade de uma mudança pacífica de regime na Venezuela, pois acredita que uma mudança violenta "teria consequências muito negativas, não só para a Venezuela, mas para a região e especialmente para a Colômbia".
Observou ainda que a dificuldade dos acordos de paz é a reconciliação do país e assegurou que María Corina Machado tem "espírito e atitude para sentar-se e negociar e, se for necessário, fazer sacrifícios para conseguir essa transição pacífica".
Por fim, o ex-presidente colombiano insistiu que o retorno à democracia na Venezuela exigirá "generosidade, visão a longo prazo e perseverança".
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