Medvedev alerta que Rússia poderá "confiscar bens da Coroa Britânica"
- 05/09/2025
O ex-presidente da Rússia e atual vice-presidente do Conselho de Segurança do país, Dmitry Medvedev, alertou na quinta-feira que Moscovo poderá "confiscar bens da Coroa Britânica" após o anúncio de que Londres utilizou receitas provenientes de ativos russos congelados para financiar ajuda militar à Ucrânia.
"A Grã-Bretanha enviou à Ucrânia 1,3 mil milhões de dólares, recebido como lucro com o uso de ativos russos congelados", começou por referir Medvedev.
O ministro da Defesa do Reino Unido, John Healey, anunciou na quinta-feira, durante uma visita a Kyiv, na Ucrânia, que as receitas permitiram fornecer centenas de milhares de munições de artilharia, centenas de mísseis terra-ar e inúmeras peças sobressalentes.
Para o ex-presidente da Rússia, o fornecimento de ajuda militar através de ativos russos significa que "os ladrões britânicos transferiram dinheiro russo para neonazis" e que o Reino Unido "cometeu um crime".
"Dado que o dinheiro não pode ser recuperado em tribunal por razões óbvias, o nosso país tem apenas uma forma de devolver os bens valiosos: devolvê-los em espécie. Ou seja, 'terras ucranianas' e outros bens imóveis e móveis localizados nelas", escreveu na plataforma Telegram.
"Portanto, qualquer apreensão ilegal de fundos russos apreendidos ou a sua receita deve ser convertida em territórios adicionais e outras propriedades do país 404", acrescentou Medvedev, referindo-se à Ucrânia.
A expressão 404, sublinhe-se, é frequentemente utilizada de forma pejorativa pela propaganda russa para se referir à Ucrânia. Em causa está uma alusão ao erro ‘404 Not Found’, que aparece quando uma página de Internet não é encontrada.
Além de obter territórios ucranianos, o ex-presidente russo considerou que Moscovo pode também "confiscar os bens da Coroa Britânica" e alertou que "há muitos deles em diferentes lugares, incluindo aqueles localizados na Rússia".
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
Desde então, a Rússia tem rejeitado qualquer acordo para um cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda quatro regiões - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - além da península da Crimeia, anexada em 2014, e que renuncie para sempre a aderir à NATO.
Estas condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia.
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