"Manter vivo o objetivo de limitar aquecimento em 1,5ºC ainda é possível"
- 09/11/2025
Há 10 anos, quando do Acordo de Paris sobre o clima (COP21), os países concordaram em tudo fazer para limitar o aquecimento global a mais 2ºC em relação à época pré-industrial, e de preferência que não ultrapassasse os 1,5ºC.
Desde então, nas conferências do clima, têm mantido a ambição dos 1,5ºC embora o valor já tenha sido ultrapassado algumas vezes.
Hoje, na nona e última carta antes da reunião na cidade amazónica brasileira de Belém, o presidente da COP30, o embaixador André Correa do Lago, exortou os países a intensificarem a cooperação e a ação climática para tentar alcançar este objetivo, que já é posto em dúvida pelos especialistas (a meta ser ultrapassada algumas vezes não significa ainda que o planeta já aqueceu 1,5ºC).
"O mundo está numa encruzilhada: permitir que a inércia nos leve ao colapso ou unir-nos com coragem e cooperação para avançar", afirma Correa do Lago no texto.
De acordo com um relatório divulgado na quinta-feira pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), a temperatura média global entre janeiro e agosto de 2025 foi 1,42ºC superior à da era pré-industrial, 13 centésimos menor do que a de todo o ano de 2024, mas muito próxima do limite de 1,5ºC.
Segundo o organismo ligado às Nações Unidas, apesar da moderação das temperaturas até agora em 2025, "mantém-se a tendência para o aquecimento extremo" e este ano será o segundo ou terceiro mais quente já registado.
"Esta onda invulgar de altas temperaturas, combinada com o aumento recorde das concentrações de gases com efeito de estufa em 2024, deixa claro que será praticamente impossível limitar o aquecimento global a 1,5 °C nos próximos anos sem que as temperaturas ultrapassem temporariamente esse limiar", admitiu a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo.
Na carta da Presidência da COP30, intitulada "Um apelo à aceleração, cooperação e coragem", Correa do Lago adverte que o planeta se aproxima de pontos de inflexão climáticos irreversíveis, mas sustenta que ainda há esperança se forem ativados "pontos de inflexão positivos".
Tal é possível, acrescenta, mediante transformações tecnológicas, sociais e económicas orientadas para um desenvolvimento com baixas emissões de carbono.
"Manter vivo o objetivo de limitar o aquecimento em 1,5 °C ainda é possível, desde que a cooperação internacional se concentre em catalisar círculos virtuosos de transformação acelerada", afirma.
A presidência da COP30 identifica três prioridades para essa transformação: reforçar o multilateralismo, conectar o regime climático à vida e à economia reais e acelerar a implementação do Acordo de Paris.
A carta alerta que, assim como a temperatura global, a floresta amazónica também está próxima de um ponto de colapso sem retorno, mas garante que os esforços contra o desmatamento também podem impedir que esse limite seja atingido.
O texto destaca a queda de 50% no desmatamento da Amazónia alcançada nos últimos dois anos pelo governo brasileiro do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como demonstração de que impedir o colapso ainda é possível.
A COP30 começa em Belém na segunda-feira e termina no dia 21.
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