JD Vance quer que "palestinianos vivam em Gaza e israelitas em segurança"
- 21/10/2025
O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, deu, esta terça-feira, uma conferência de imprensa em Israel, onde se encontra de visita, quase duas semanas depois de Donald Trump anunciar um acordo de cessar-fogo em Gaza.
"Precisamos de reconstruir Gaza, de garantir que os palestinianos vivem em Gaza, mas que os israelitas ficam em segurança e têm estabilidade", referiu, em declarações aos jornalistas.
Questionado sobre a existência de um governo ou autoridade a longo prazo para Gaza, JD Vance 'fugiu' da pergunta, dizendo que não queria "antecipar um problema que ainda não existe" e apontando que o mais importante agora é "focarmo-nos na reconstrução [de Gaza] e em dar comida às pessoas".
"Estamos na primeira semana do plano histórico de paz do presidente [Donald Trump] no Médio Oriente, francamente, as coisas estão a correr melhor do que eu esperava", disse Vance.
O vice-presidente norte-americano descartou ainda o destacamento de tropas dos EUA para a Faixa de Gaza. Em alternativa, as forças dos Estados Unidos podem dedicar-se a "uma coordenação útil", no âmbito do plano para o fim das hostilidades no enclave palestiniano, explicou o 'vice'.
"Como se consegue a presença dos Estados do Golfo, além de Israel, além dos turcos e dos indonésios? Como se faz para que estas pessoas trabalhem em conjunto para alcançar uma paz duradoura? Os únicos mediadores são os Estados Unidos", defendeu J.D. Vance, que disse também que era ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que cabia falar sobre que tropas é que iriam ou não ser destacadas.
Vance pede "paciência" (e fala em "demoras")
O 'vice' dos EUA sublinhou ainda que "ainda há muito trabalho para fazer" no que diz respeito a uma paz duradoura e também à reconstrução de Gaza, acrescentando que a situação ainda "vai demorar algum tempo".
Questionado sobre o regresso de todos os reféns, JD Vance apontou que era preciso que houvesse "um bocadinho mais de paciência". Note-se que o grupo islamita anunciou esta terça-feira que vai entregar os restos mortais de mais dois reféns. Ainda haverá 15 corpos sob controlo do Hamas.
"Alguns destes reféns estão soterrados a milhares de quilos dos escombros. Alguns deles, ninguém sabe onde estão", apontou, referindo que não era por isso que não se deveriam recuperar. "Não significa [também] que não tenhamos a confiança de que vamos conseguir recuperá-los. É só uma razão para pedir um pouco de paciência. Vai levar um tempinho", afirmou.
Note-se que as declarações foram feitas no centro que está a coordenar o cessar-fogo, colocada 'em pé' pelos EUA e Israel. O edifício fica localizado em Kiryat Gat, com dezenas de polícias e soldados das Forças de Defesa de Israel a rodear o edifício.
Mas, de acordo com a publicação The Times of Israel, não são apenas soldados com uniformes dos EUA ou de Israel que se encontram no local, com militares do Reino Unido Unido, Canadá, Alemanha, Dinamarca e Jordânia também no local.
Para além do 'vice', também o enviado especial dos EUA para o Médio Oriente tem a agenda com 'marcações', dado que se reuniu esta tarde com nove (dos 20) últimos reféns libertados pelo Hamas, libertação que aconteceu como parte da primeira fase do acordo de paz entre o grupo islamita e Israel.
Conta o Times of Israel que, durante o encontro, estiveram presentes Omri Miran, os gémeos Gal e Ziv Berman, Yosef Chaim Ohana, Matan Angrest, Bar Kuperstein, Segev Kalfon, Nimrod Cohen e Eithan Horn.
Os ex-reféns foram-se reunidos, um a um, com Steve Witkoff e houve até quem lhe entregasse um presente para mostrar a sua gratidão pelo papel dos Estados Unidos em assegurar a libertação dos reféns.
[Notícia atualizada às 17h26]
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