Hutis evacuam sede da ONU no Iémen e libertam vários reféns
- 20/10/2025
"Todos os 15 funcionários internacionais da ONU estão agora livres para se movimentar dentro do complexo da ONU em Sanaa e estão em contacto com as respetivas entidades e familiares", confirmaram as Nações Unidas em comunicado.
Na nota, frisaram ainda que os cinco funcionários nacionais que estavam detidos desde 18 de outubro dentro do mesmo complexo da ONU foram libertados.
"O pessoal de segurança do Ansar Allah [nome oficial dos rebeldes xiitas Hutis] desocupou o complexo da ONU em Sanaa", concluiu a ONU.
No domingo, a organização tinha anunciado que funcionários da organização estavam reféns dos Hutis em Sana, um dia após um novo ataque dos rebeldes contra trabalhadores das Nações Unidas no país.
Segundo o porta-voz do coordenador residente das Nações Unidas no Iémen, foram detidos no edifício da ONU cinco funcionários nacionais e 15 funcionários internacionais, depois de os rebeldes terem invadido o complexo.
Os funcionários nacionais foram entretanto libertados.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros francês denunciou o que considera "uma nova escalada intolerável contra os trabalhadores humanitários no Iémen" e criticou os Hutis pelo "seu cinismo" em agir contra pessoas que dão "ajuda indispensável à população civil".
Os rebeldes já tinham invadido os escritórios da ONU em Sanaa em 31 de agosto, detendo cerca de 10 funcionários, indicou a organização, tendo um responsável Huthi acusado estes trabalhadores humanitários de espiarem para os Estados Unidos e Israel.
O novo incidente aconteceu depois de dezenas de funcionários da ONU terem sido presos nos últimos meses em áreas controladas por rebeldes iemenitas apoiados pelo Irão.
Na quinta-feira, num discurso transmitido na televisão, o líder rebelde Abdelmalek al-Huthi afirmou que as forças desmantelaram "uma das células de espionagem mais perigosas", indicando que está "ligada a organizações humanitárias como o Programa Mundial de Alimentos e o UNICEF [Fundo das Nações Unidas para a Infância]".
No sábado, a porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, considerou "perigosas e inaceitáveis" as afirmações do líder rebelde, argumentando que "colocam em sério risco a segurança do pessoal da ONU e dos trabalhadores humanitários, além de comprometer operações vitais de socorro".
Em meados de setembro, o coordenador humanitário da ONU para o Iémen foi oficialmente transferido de Sanaa, capital controlada pelos Hutis, para Áden, capital interina do Governo reconhecido internacionalmente.
O Iémen está mergulhado no caos há mais de uma década, período durante o qual os rebeldes consolidaram o seu poder e alargaram o seu raio de ação.
Aliados do Irão, os Hutis intensificaram os seus ataques contra Israel nos últimos dois anos em retaliação pela ofensiva militar na Faixa de Gaza.
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