Galp quer "acelerar todo o processo" no projeto Bacalhau no Brasil
- 21/10/2025
"O desafio que temos agora é acelerar todo o processo de conexão dos restantes poços produtores e injetores para atingirmos o máximo de produção e o retorno total do investimento que fizemos até à data", disse Nuno Bastos, durante um encontro com jornalistas.
O projeto Bacalhau, localizado na Bacia de Santos, representa o maior investimento da história da Galp, superior a dois mil milhões de euros. "Só a partir daqui é que começaremos a ter o retorno de todo o investimento que fizemos", afirmou.
O navio-plataforma, unidade Floating Production Storage and Offloading (FPSO), na sigla e inglês, iniciou operações na semana passada e tem uma capacidade de produção de 220 mil barris por dia, "o equivalente à capacidade de refinação da Galp em Sines".
Segundo o gestor, o Bacalhau é também "uma das plataformas mais avançadas do mundo", com elevados padrões de eficiência energética. "É uma das unidades com a melhor eficiência energética do mundo, com um sistema de ciclo combinado a gás natural (CCGT) a bordo que permite otimizar o consumo de energia e reduzir as emissões em cerca de 50% face ao padrão da indústria", detalhou.
O projeto é operado pela Equinor, em consórcio com a ExxonMobil e a Petrogal Brasil (Galp), e deverá contribuir para aumentar em cerca de 30% a produção total da petrolífera portuguesa, acrescentando cerca de 40 mil barris diários quando atingir o platô.
"Quando estivermos na máxima capacidade, este projeto deverá gerar cerca de 400 milhões de dólares anuais de 'free cash flow' para a Galp", adiantou Nuno Bastos.
O responsável sublinhou ainda o compromisso da empresa com práticas mais sustentáveis, apesar da natureza fóssil do negócio. "Entendo o contrassenso, estamos a discutir o tema do petróleo, mas há uma necessidade real de consumo e procura. Nós estamos cá para suprir essa necessidade da forma mais eficiente e limpa possível", afirmou.
Para demonstrar a importância deste projeto, Nuno Bastos descreveu a dimensão da infraestrutura: "A plataforma é praticamente uma pequena cidade no mar, com 370 metros de comprimento --- o equivalente a três campos e meio de futebol --- e uma tripulação de 160 pessoas que trabalham 24 horas por dia, sete dias por semana."
O administrador destacou ainda que o Bacalhau "reforça a resiliência e o futuro" do portefólio da Galp, compensando o declínio natural da produção em campos maduros no Brasil. "Este projeto dá-nos perpetuidade e oportunidade de crescimento. É o símbolo do que é a Galp no 'upstream': eficiência, tecnologia e capacidade de execução", concluiu.
Por forma a conseguir dar uma ideia mais real da magnitude do tema, quando começa a haver declínio, a produção cai cerca de 5% ao ano. "Numa produção de 100 milhões de barris por ano, ou num consumo um bocadinho mais acima dos 100 milhões de barris por ano, há cinco milhões de barris que todos os anos desaparecem e que precisam de ser produzidos por novos campos e novos reservatórios todos os anos", exemplificou.
E tendo em conta que cinco milhões de barris estão acima daquilo que o Brasil produz hoje, "significa que todos os anos precisamos de encontrar um novo Brasil e conseguir pôr a produzir um novo Brasil por esse mundo fora", referiu.
A norueguesa Equinor é o parceiro líder no projeto Bacalhau, no pré-sal brasileiro, Bacia de Santos, com 40% (operadora), a par da ExxonMobil, que também detém 40%, enquanto a Galp detém 20% do projeto através da Petrogal Brasil, uma 'joint venture' com a Sinopec (Galp 70% | Sinopec 30%), sendo ainda também parceira a Pré-Sal Petróleo SA.
Esta é a 13.ª unidade da Galp implantada no pré-sal brasileiro desde 2010.
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