Futuro "depende da cooperação e não da confrontação", avisa ONU
- 30/10/2025
"A solidariedade não é um ato de caridade. É o reconhecimento de uma identidade partilhada. O desafio que enfrentamos, desde os conflitos e a desigualdade até às alterações climáticas e à migração, não para nas fronteiras", afirmou o também alto representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, na cerimónia de entrega do 30.º prémio Norte-Sul do Conselho da Europa, que decorreu hoje na Assembleia da República, em Lisboa.
O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, com 74 anos, defendeu que "o Norte precisa do Sul, e muito do Sul precisa do Norte".
"O nosso futuro depende da cooperação e não da confrontação", salientou Moratinos, que assumiu a liderança da Aliança das Civilizações em 2019 e foi designado enviado especial da ONU para o Combate à Islamofobia em maio deste ano.
O prémio atribuído pelo Conselho da Europa -- que distinguiu também a iniciativa que permitiu a atletas refugiados participar nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos -- mostra, considerou, que "a solidariedade não é um ato de caridade, mas o reconhecimento de uma identidade partilhada".
No seu discurso durante a cerimónia no parlamento, Moratinos deixou "uma palavra especial de gratidão" a Portugal, "nação que sempre serviu de ponte entre continentes e cultura, entre Europa, África, Ásia e América Latina".
"Portugal sempre olhou para o mundo com coragem, curiosidade e generosidade", afirmou.
Miguel Moratinos prestou também "homenagem ao Conselho da Europa e ao seu Centro Norte-Sul pelo compromisso com os direitos humanos, a democracia e a solidariedade, um princípio que nos deve guiar mais do que nunca num momento em que a confiança nas instituições e uns nos outros está a desvanecer-se".
"O multilateralismo, apesar de imperfeito, continua a ser a nossa melhor esperança se se tornar mais inclusivo, mais humano e mais sintonizado com as vozes de muitos, não de poucos", argumentou.
A paz, destacou, "não é apenas construir confiança". Começa, frisou o representante, "nas salas de aula, nos lares, nas comunidades, onde as pessoas escolhem o respeito em vez da rejeição e a compaixão em vez da indiferença".
Na sua intervenção, o premiado referiu várias vezes a importância do diálogo, que, sustentou, "não é um conceito abstrato".
"É um ato vivo de humildade, de coragem, de respeito. Significa ouvir quando discordamos. Significa acreditar que a empatia é mais forte do que a inimizade", referiu.
A cerimónia contou com a participação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, e do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, bem como do secretário-geral do Conselho da Europa, Alain Berset.
O prémio Norte-Sul, que é atribuído desde 1995, distingue anualmente duas personalidades ou organizações pelo seu compromisso com os direitos humanos, a democracia e o Estado de direito e pela sua contribuição para o diálogo Norte-Sul e estímulo à solidariedade, à interdependência e às parcerias.
O Conselho da Europa foi criado em 1949 para defender os Direitos Humanos, a Democracia e o Estado de Direito e integra atualmente 46 Estados-membros, incluindo todos os países que compõem a União Europeia.
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