Filha "não queria ir de pé" e salva mãe de tragédia no Elevador da Glória
- 05/09/2025
Mabel e a filha, duas turistas espanholas, escaparam por pouco ao descarrilamento do Elevador da Glória, em Lisboa, na passada quarta-feira. Isto porque, quando estavam prestes a entrar no funicular, a filha desistiu porque estava "muita gente em pé".
"A minha filha disse-me: 'Mãe, não vamos entrar neste porque está muita gente em pé. Vamos esperar pelo próximo'", contou a mãe à rádio espanhola Cadena SER.
"Foi ela que me disse que não queria ir naquele elétrico. Não queria ir em pé e podemos contar a história", sublinhou.
Mabel contou que estavam na "paragem do elétrico na encosta", quando viram que o "primeiro elétrico recuou alguns metros".
"As pessoas começaram a sair pela janela e, de repente, ouvimos um guincho", contou. "O que não esperávamos era o que vinha de cima. Olhámos e vimos a cabina a aproximar-se a uma velocidade impressionante".
O funicular acabou por "bater na curva contra o edifício, o que o parou" e, considerou a espanhola, "se não fosse isso, teria sido catastrófico, porque teria chegado a meio da estrada".
Em segundos, tudo se transformou numa "pilha de ferro" entre "fumo e pó, dificultando a visão dos que estavam nas imediações. "Começámos todos a correr para baixo… As pessoas empurravam-nos. Foi muito impressionante", recordou.
Recorde-se que o Elevador da Glória, localizado no centro de Lisboa, descarrilou pelas 18h04 de quarta-feira, na Calçada da Glória.
O acidente provocou 16 vítimas mortais e mais de 20 feridos.
Esta sexta-feira, a Polícia Judiciária (PJ) revelou que "estão confirmadas as nacionalidades das 16 vítimas mortais" do acidente, que foram "identificadas cientificamente, com a colaboração do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses".
Assim, entre as vítimas mortais estão cinco portugueses, dois sul-coreanos, um suíço, três britânicos, dois canadianos, um ucraniano, um norte-americano e um francês.
Entre os feridos transportados ao hospital havia pelo menos dez nacionalidades diferentes: quatro portugueses, dois alemães, dois espanhóis, um coreano, um cabo-verdiano, um canadiano, um italiano, um francês, um suíço e um marroquino. Tratam-se de 12 mulheres e sete homens, com idades entre os 24 e os 65 anos.
O Consulado do Brasil em Portugal informou também que havia registo de dois brasileiros feridos no acidente. Em conferência de imprensa, o diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Álvaro Santos Almeida, na quinta-feira, indicou tratar-se de dois homens, um dos quais com residência em Portugal.
Há ainda seis feridos internados nos hospitais de São José e Santa Maria e, segundo adiantaram as unidades de saúde à agência Lusa, o seu estado de saúde não se alterou durante a noite.
No Hospital de São José estão ainda internados quatro feridos: um mantém-se nos cuidados intensivos e três estão "em situação controlada". Já no Hospital de Santa Maria estão duas pessoas, uma nos cuidados intensivos e outra no serviço de observação da urgência.
Três doentes continuam internados no serviço de Unidade de Cuidados Intensivos do hospital São Francisco Xavier, em situação estável, segundo fonte hospitalar.
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