Felipe VI pede que sejam apuradas causas e circunstâncias das inundações
- 30/10/2025
Felipe VI disse ser "necessário continuar a analisar as causas e circunstâncias da tragédia com o fim de extrair com rigor e serenidade as lições necessárias" para melhorar a capacidade de "enfrentar no futuro outras catástrofes e evitar ou minimizar no possível as suas piores consequências".
"Todos desejamos que algo assim não volte a acontecer. Vamos todos esforçar-nos para impedir que se repita", disse o chefe de Estado de Espanha, no funeral de Estado das 237 vítimas do temporal e das inundações de 29 de outubro de 2024, que decorreu em Valência.
A cerimónia ficou marcada por gritos de familiares das vítimas que, antes da entrada dos Reis de Espanha no espaço do Museu das Ciências de Valência onde decorreu este "funeral de Estado laico", dirigiram palavras ao presidente do governo regional da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón, a quem chamaram "assassino" e "cobarde", responsabilizando-o pela dimensão da catástrofe e o elevado número de mortes.
Mazón voltou a ouvir os mesmos gritos, assim como "Mazón demissão", no final da cerimónia, que durou cerca de uma hora e durante a qual foram lidos os nomes das 237 pessoas que morreram há um ano, 229 das quais na região da Comunidade Valenciana.
A cerimónia, em que participaram 800 pessoas, incluindo 600 familiares e amigos de vítimas, contou com a presença das mais altas autoridades espanholas e, para além dos reis, Felipe VI e Letizia, esteve presente o primeiro-ministro, o socialista Pedro Sánchez, e Carlos Mazón.
Associações de vítimas das inundações e familiares de pessoas que morreram nas cheias tinham pedido a Carlos Mazón para não ir ao funeral de Estado.
Na curta intervenção que fez no funeral de Estado, Felipe VI disse não haver "palavras perfeitas" para dirigir às famílias das vítimas e a todos os afetados pelas inundações.
"Só posso dizer que há um sentimento de dor sincero que nos une", afirmou o monarca, que manifestou "carinho pessoal e carinho de toda a Espanha" às famílias e defendeu que a memória das vítimas deve ser preservada.
Além de Felipe VI, houve intervenções de três familiares de vítimas mortais das inundações, que agradeceram a solidariedade de milhares de pessoas dentro e fora de Espanha e pediram "verdade, respeito e humanidade".
"Não foi este fenómeno [o temporal e as cheias] a causa da catástrofe que sofremos. É quem omite o seu dever sabendo que a omissão pode traduzir-se na perda de vidas humanas, quem comete o ato primogénito que deriva nessas mortes", disse Virginia Ortiz, que perdeu um primo com 29 anos nas inundações.
Espanha homenageia as 237 pessoas que morreram nas inundações, uma tragédia que continua a ser investigada pela justiça e em três comissões parlamentares.
Além deste funeral, houve durante o dia e continuam a decorrer concentrações, vigílias e cerimónias institucionais em diversas localidades afetadas pelas cheias e pelo temporal.
Em 29 de outubro de 2024, uma "gota fria" ou DANA, como é conhecida em Espanha uma "depressão isolada em altos níveis", formou-se no sul da Península Ibérica e gerou chuvas de grande intensidade e concentradas, sobretudo, no interior da região de Valência.
As águas invadiram depois localidades nos subúrbios da cidade de Valência e uma das zonas com maior densidade populacional de Espanha.
Segundo o governo autonómico de Valência, as cheias causaram danos de pelo menos 17.800 milhões de euros.
A agência de meteorologia de Espanha (Aemet) tinha acionado um aviso vermelho de chuvas desde as 07h00 da manhã para a região de Valência, mas só às 20h1 as populações receberam nos telemóveis um alerta da proteção civil, tutelada pelo governo regional.
[Notícia atualizada às 19h09]
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