Espanha e Marrocos acordam "reforçar diálogo" no final de cimeira em Madrid
- 05/12/2025
"As duas partes concordaram reforçar o diálogo político bilateral e sobre questões de interesse regional e internacional", lê-se na declaração divulgada hoje, no final de uma cimeira em Madrid que foi liderada pelos primeiros-ministros dos dois governos, mas que terminou sem conferência de imprensa ou qualquer declaração.
Haverá em 2026 uma "reunião ministerial entre os dois países em Marrocos", segundo o documento.
Segundo um comunicado divulgado pelo Governo de Espanha, os líderes dos dois executivos (o espanhol Pedro Sánchez e o marroquino Aziz Akhannouch) reiteraram no encontro "o excelente momento" que atravessam as relações bilaterais depois da crise diplomática e da relação conflituosa entre abril de 2021 e março de 2022.
Na origem do conflito esteve a estada em Espanha em abril de 2021 do líder do movimento independentista sarauí Frente Polisário, para ser tratado num hospital na sequência de uma infeção causada pela covid-19.
Nesse período de conflito, entre outras ações, Marrocos aligeirou em maio de 2021 os controlos fronteiriços e fez sentir a Espanha o peso da pressão migratória e do descontrolo dos fluxos de pessoas que querem entrar em territórios europeus permitindo a passagem de 10 mil pessoas em 48 horas para a cidade de Ceuta, um enclave espanhol no norte de África.
Para resolver o conflito, Pedro Sánchez enviou em março de 2022 uma carta ao Rei marroquino, Mohamed VI, na qual afirmava que a proposta apresentada por Rabat em 2007 para que o Saara Ocidental seja uma região autónoma controlada por Marrocos é "a base mais séria, credível e reaeista para a resolução deste litígio".
O Saara Ocidental é uma antiga colónia espanhola ocupada por Marrocos há 50 anos.
Espanha defendeu durante muito tempo que o controlo de Marrocos sobre o Saara Ocidental era uma ocupação e que a realização de um referendo patrocinado pela ONU deveria ser a forma de decidir a descolonização do território.
Segundo a Declaração Conjunta de hoje, na cimeira de Madrid desta quinta-feira, Sánchez "reiterou a posição de Espanha sobre a questão do Saara Ocidental" assumida em 2022.
Espanha "acolhe com satisfação" a resolução do Conselho de Segurança da ONU de 31 de outubro, lê-se ainda no documento.
Desde a normalização das relações diplomáticas, a chegada a território espanhol de migrantes de forma irregular a partir de Marrocos diminuiu substancialmente, segundo as autoridades de Madrid, reativaram-se as trocas comerciais bilaterais e os dois países vão organizar, com Portugal, o campeonato mundial de futebol masculino de 2030.
Sobre este mundial de futebol, os dois países dizem, na Declaração Conjunta de hoje, que se trata de "um evento com um alcance que vai muito mais além do âmbito desportivo" e tem "uma importante vertente social e económica", "além de ser um reflexo do excelente estado da relação bilateral" entre Espanha e Marrocos e "uma oportunidade única para consolidar e aprofundar anda mais os laços que unem os dois continentes [África e Europa]".
Esta foi a segunda "reunião de alto nível" entre Espanha e Marrocos em menos de três anos, depois de uma cimeira em Rabat em fevereiro de 2023 que selou uma "nova etapa" nas relações bilaterais, segundo os dois governos, e que foi a primeira que realizaram desde 2015.
Na delegação espanhola, só estiveram hoje ministros socialistas porque o Somar, o partido de esquerda que está na coligação governamental liderada por Sánchez, opõe-se ao posicionamento assumido pelo primeiro-ministro em relação ao Saara Ocidental.
"Vamos ser claros, não vamos ceder um centímetro de terra sarauí. Hoje e sempre, viva o Saara livre", escreveu nas redes sociais, enquanto decorria a cimeira, a dirigente do Somar, ministra do Trabalho e uma das 'vices' do Governo espanhol Yolanda Díaz.
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