"Doloroso falar". Sobrevivente de queda de avião na Índia não sai de casa
- 03/11/2025
Briton Viswashkumar Ramesh foi o único sobrevivente da queda do avião da Air India em Ahmedabad, na Índia, no mês de junho, e revelou ainda estar "muito abatido" com o que aconteceu e que praticamente não sai de casa.
Foi durante uma entrevista ao programa 'Mornings with Ridge and Frost', que o único sobrevivente do acidente aéreo, que matou mais de 260 pessoas, recordou o dia 12 de junho de 2025, numa tentativa de recuperar o controlo da sua vida e, também, pressionar a companhia aérea para que aborde o efeito traumático do acidente sobre ele e a família.
"É muito doloroso falar sobre o acidente", começou por dizer, acrescentando que o acidente o deixou "muito abatido" e que praticamente não sai de casa, preferindo ficar sozinho no quarto sem fazer "nada".
"Só consigo pensar no meu irmão. Para mim, ele era tudo", disse. O irmão de Briton, recorde-se, estava também a bordo do avião sentado a alguns lugares de distância.
Briton Viswashkumar Ramesh revelou ainda sentir dores no joelho, nas costas e no ombro. Têm ainda queimaduras no braço esquerdo. A esposa é que o ajuda a tomar banho.
O casal tem um filho de quatro anos, Divang, e moram em Leicester, no Reino Unido. Questionado sobre de que forma aquele tragédia afetou o seu relacionamento com a criança, disse: "Não estou a comunicar bem com o meu filho", notando que Divang não entra no quarto do pai.
O porta-voz do sobrevivente, Radd Seiger, afirmou, durante a entrevista, que "ser pai ou mãe é um privilégio" e que "exige muita energia".
"É preciso estarmos bem e todos podemos ver que o Ramesh foi privado disso e acho que é um fardo 'viver', quanto mais ser marido e pai", notou.
A lista de Ramesh para retomar a sua vida normal é "interminável". No entanto, o seu porta-voz referiu que começa com "coisas práticas", como apoio financeiro. Isto porque o sobrevivente e o seu irmão gastaram "todas as suas economias" para abrir um negócio ligado à pesca na Índia. Motivo pelo qual viajavam frequentemente do Reino Unido para aquele país.
Desde o acidente, o negócio parou e, por isso, a família de Ramesh está sem um meio de sustento. O porta-voz do sobrevivente relatou ainda que a companhia aérea Air India ofereceu um pagamento provisório fixo de 21.500 libras (cerca de 24.497 euros) - uma quantia única concedida ao requerente após o término do processo de indemnização por danos pessoais.
Um porta-voz do Grupo Tata, empresa que adquiriu a Air India em 2022, disse à Sky News que Ramesh aceitou o pagamento, tendo-lhe sido já transferido. No entanto, Radd Seiger afirmou que a quantia "não chega nem perto" para cobrir as despesas do único sobrevivente, uma vez que se encontra impossibilitado de trabalhar.
A equipa de Briton Viswashkumar Ramesh quer que o diretor executivo da Air India, Campbell Wilson, se encontre com Ramesh, a sua família e com as famílias das vítimas do acidente para "conversar" e ouvir as dificuldades pelas quais estão a passar.
Por sua vez, um porta-voz da companhia aérea adiantou à Sky News que estão "profundamente conscientes da responsabilidade de prestar apoio a Ramesh durante o que deve ter sido um período inimaginável". "Cuidar dele - e de todas as famílias afetadas pela tragédia - continua a ser a nossa prioridade".
"Os líderes do Grupo Tata continuam a visitar as famílias para expressar as mais profundas condolências. Foi feita uma oferta aos representantes de Ramesh para organizar uma reunião e continuaremos empenhados em contactá-los, aguardando uma resposta positiva.", disse, acrescentando que estão "cientes de que este continua a ser um momento incrivelmente difícil para todos os afetados".
Queda de avião da Air India: O que aconteceu?
Um Boeing 787 Dreamliner caiu minutos depois da descolagem do aeroporto internacional da cidade de Ahmedabad, no noroeste do país, com destino a Londres Gatwick.
O acidente provocou a morte de 268 pessoas, 27 das quais nos edifícios em que embateu antes de se incendiar. No total, avião transportava 230 passageiros - sete portugueses, 169 indianos, 53 britânicos e um canadiano - e 12 tripulantes.
Uma investigação preliminar do Gabinete de Investigação de Acidentes com Aeronaves (AAIB) da Índia, publicada no início do mês de julho, deu conta de que ocorreu uma confusão entre os dois pilotos, com um a perguntar por que razão tinha mexido nos interruptores de combustível e o outro a negar tê-lo feito.
As autoridades norte-americanas acreditam que o comandante, Sumeet Sabharwal, de 56 anos, foi o responsável pelo corte do combustível do avião pouco depois da descolagem, segundo um relatório do Wall Street Journal. Já o copiloto, Clive Kunder, de 32 anos, pilotava o avião, enquanto Sabharwal controlava cada passo.
Mais de 20 famílias intentaram uma ação judicial contra a Air India no Supremo Tribunal, por forma a forçar a divulgação dos ficheiros pessoais dos pilotos e de outros documentos.
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