Dissidente Ales Bialiatski diz que prémio Nobel o "protegeu" na prisão
- 15/12/2025
"Mesmo tendo passado por todas as dificuldades que os presos políticos bielorrussos enfrentam - as celas de confinamento solitário, as humilhações constantes -, o prémio protegeu-me de outras coisas muito piores pelas quais outros colegas passaram", declarou a partir da Lituânia, citado pela agência de notícias francesa AFP.
"Eles (os guardas prisionais) perceberam que esta pessoa tinha recebido algum tipo de prémio e que não lhe podiam bater", acrescentou, rindo.
Ales Bialiatski, de 63 anos, fundou em 1996 e liderou durante muitos anos a Viasna (Primavera), a principal organização de direitos humanos e uma fonte essencial de informação sobre a repressão na Bielorrússia.
A Viasna documenta meticulosamente detenções, julgamentos e penas de prisão, com o objetivo de expor a opacidade do sistema judicial.
Tal trabalho valeu em 2022 a Ales Bialiatski a distinção com o prémio Nobel da Paz, partilhado com a organização não-governamental (ONG) Memorial (da Rússia), e com o Centro para as Liberdades Civis (da Ucrânia).
Ele próprio foi detido em 2021 e condenado em 2023 a 10 anos de prisão num caso de "tráfico de divisas", que a sua organização classificou como fabricado.
Hoje, sublinhou que vai continuar a sua luta no exílio, onde "muito ainda" pode ser feito.
"Não vou desistir. Nesta situação, a vida continua e devemos continuar o nosso trabalho", sustentou, declarando-se certo de que a situação na Bielorrússia mudará "para melhor, mais cedo ou mais tarde".
No poder desde 1994, o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, de 71 anos, esmagou vários movimentos de protesto, o maior dos quais, em 2020 e 2021, após uma eleição presidencial contestada que o enfraqueceu gravemente, levando-o a pedir ajuda do homólogo russo, Vladimir Putin.
O Governo bielorrusso foi posteriormente alvo de pesadas sanções por parte da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos devido a esses atos de repressão em massa e, em seguida, pelo seu apoio à invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, parcialmente lançada a partir de território bielorrusso.
Ales Bialiatski apelou hoje à UE para que negoceie com o Governo bielorrusso para pôr fim à perseguição política.
"Pelo bem da sociedade europeia e de outras democracias, devemos pôr fim à repressão na Bielorrússia", defendeu.
"A repressão é levada a cabo pelo regime - com quem mais se deve falar senão com o regime", comentou.
"Mas isso deve ser feito mantendo uma certa pressão, a partir de uma posição de força, porque o regime bielorrusso só compreende esse tipo de linguagem", concluiu Bialiatski.
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