Comando Vermelho é fação dominante na cidade que acolhe a COP30
- 20/11/2025
Desde 10 de novembro último, Belém transformou-se na capital simbólica do Brasil, com milhares de pessoas de todas as nacionalidades a participarem na COP30. Restaurantes, bares, eventos repletos por toda a cidade, numa aparente segurança garantida pela visível presença das Forças Armadas brasileiras nas ruas da capital do Pará.
Contudo, ao percorrer as ruas da cidade, a Lusa vislumbrou vários 'grafitis' pintados nas paredes com as siglas CV (Comando Vermelho), uma organização que nasceu no Rio de Janeiro, mas que tem vindo a ganhar força um pouco por todo o Brasil e, em especial, em várias cidades da Amazónia.
"Fações locais fizeram alianças e começaram a incorporar a lógica do CV", explicou à Lusa o especialista em segurança Nivio Nascimento, detalhando que a organização criminosa acabou por ir "tomando conta do território, da circulação de bens, produtos, pequenos serviços".
"Naturalmente, a COP é um estado de exceção (...). Mas no dia-a-dia as coisas continuam", sublinhou o assessor internacional do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Assim como em Belém, esse crescimento foi detetado um pouco por toda a região amazónica brasileira.
"Uma baixa presença do Estado, pouca fiscalização, cidades muito frágeis do ponto de vista económico, financeiro e de desenvolvimento social tornam essas cidades alvos dessas organizações", às quais oferecem "pouca resistência", disse Nivio Nascimento.
Um estudo divulgado na quarta-feira pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em Belém, à margem da COP30, demonstra o avanço das fações criminosas na Amazónia Legal, composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondónia, Roraima e Tocantins.
De acordo com a 4.ª edição do estudo Cartografias da Violência na Amazónia, o crime organizado cresceu e chegou a 45% dos municípios que compõem estas regiões.
Em 2024, segundo o estudo, 8.047 pessoas foram vítimas de mortes violentas intencionais nos 772 municípios que compõem a Amazónia Legal, num número que representa uma taxa de 27,3 assassínios por cada 100 mil habitantes da região, um valor 31% superior à taxa nacional.
"Dos 772 municípios amazónicos, 344 (44,6%) apresentam alguma evidência da presença de fações, demonstrando um processo que transcende os grandes centros urbanos", lê-se no texto.
O Comando Vermelho assume protagonismo e é hoje a fação "com maior dispersão territorial e maior capacidade de consolidar hegemonias" e em dois anos "ampliou em 123% o número de municípios sob a sua influência, alcançando 286 cidades".
O segundo grupo mais forte da região, o Primeiro Comando Capital (PCC), de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, "adota uma estratégia distinta, operando de modo mais seletivo e concentrado em corredores logísticos de alto valor para o tráfico internacional".
"Diferentemente do CV, a sua expansão não se dá por ocupação pulverizada, mas pelo controlo de pontos estratégicos que conectam a Amazónia às rotas transnacionais de cocaína", indica o estudo.
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