Cientistas criam uma alternativa de embrião que produz células sanguíneas
- 14/10/2025
Uma equipa de cientistas do Reino Unido criou um modelo tridimensional de embrião capaz de replicar algumas características do desenvolvimento inicial humano, como a produção de células sanguíneas, noticiou a EFE na segunda-feira.
"O nosso novo modelo imita o desenvolvimento do sangue fetal humano (sangue que circula no bebé durante a gravidez) em laboratório", indicou um dos cientistas e biólogo de células no Instituto Gurdon da Universidade de Cambridge.
Os hematoides (modelo tridimensional), têm um "grande potencial" que permite compreender melhor a formação do sangue durante as fases iniciais do desenvolvimento humano.
As novas estruturas tridimensionais conseguem também simular doenças como a leucemia (grupo de cancros) e produzir células estaminais sanguíneas duradouras para transplantes, de acordo com investigadores da Universidade de Cambridge.
As células estaminais têm a capacidade de se dividir indefinidamente.
O novo modelo, semelhante a um embrião humano, publicado na revista científica Cell Reports, simula as alterações celulares que ocorrem durante as fases iniciais do desenvolvimento humano, quando os órgãos e o sistema sanguíneo começam a formar-se.
No segundo dia, os hematoides organizaram-se sozinhos em três camadas germinativas, essenciais no desenvolvimento do embrião, sendo estas a ectoderme, a mesoderme e a endoderme.
As camadas "são cruciais para moldar todos os órgãos e tecidos, incluindo o sangue", noticiou a EFE.
No oitavo dia, formaram-se células cardíacas, que dão origem ao coração num embrião humano.
Ao 13º dia, a equipa observou o aparecimento de manchas vermelhas de sangue nos hematoides, imitando o processo de desenvolvimento dos embriões humanos, segundo um comunicado da Universidade de Cambridge.
Os investigadores desenvolveram também um método que demonstrou que as células estaminais sanguíneas nos hematoides podem diferenciar-se em vários tipos de células sanguíneas, incluindo células imunitárias especializadas, como as células T, que combatem infeções e anomalias no corpo.
A universidade indicou ainda que os hematoides, que ainda estão numa fase inicial do estudo, são diferentes dos embriões humanos reais em muitos aspetos, sublinhando que não têm vários tecidos embrionários, o saco vitelínico (que fornece nutrientes ao embrião) e a placenta.
De acordo com o estabelecimento de ensino, as estruturas tridimensionais não podem transformar-se em embriões reais.
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