Carros elétricos? Fabricantes não pensaram nos clientes, diz ex-dirigente
- 20/10/2025
Numa era em que o futuro do clima do planeta causa fortes preocupações, os carros elétricos assumem-se como 'amigos do meio ambiente'. Com as regras das emissões a apertar, esperava-se que a adoção fosse bem mais rápida do que está a ser - o que já está a ter um impacto nas contas de vários construtores, que são obrigados a rever os seus planos de eletrificação.
O ex-diretor-executivo da Ford entre 2014 e 2017, Mark Fields, falou do assunto à CNBC, afirmando: "Ao longo dos últimos anos, os fabricantes avançaram a todo o vapor na capacidade de produção de carros elétricos. E eles não tiveram uma boa discussão sobre o cliente, relativamente ao que ia ser necessário para levar o cliente a comprar estes produtos. O que viram ao longo dos últimos 18 meses é que algumas apostas correram mal".
"Vantagem que se tornou num problema"?
A Porsche anunciou recentemente um recuo na sua estratégia de eletrificação, causando perdas de 3,1 mil milhões de euros só este ano. Também a Ford teve uma despesa de 1,9 mil milhões de dólares por cancelar planos para um automóvel elétrico.
Já nos Estados Unidos da América, Donald Trump acabou com os incentivos à compra de elétricos. Segundo a Reuters, isso levou a General Motors a prever despesas de 1,6 mil milhões de dólares, perante um "realinhamento estratégico planeado" na produção de viaturas elétricas que tem em consideração o abrandamento da adoção de automóveis elétricos que se espera.
Mark Fields defendeu: "Este é claramente um problema em que o mercado não se desenvolveu da forma como os construtores pensaram. Muitos deles, em particular no caso da GM, gabaram-se de ter toda a gama de carros elétricos. E o que eles pensaram que era uma vantagem, pelo menos na altura, provavelmente agora tornou-se provavelmente num problema, já que a adoção de carros elétricos vai ser inferior ao que planearam - pelo menos, no curto e médio prazo".
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