Barragem moçambicana de Cahora Bassa vai ter museu tecnológico
- 22/10/2025
"A HCB pretende criar um Museu Tecnológico de referência, concebido como uma infraestrutura icónica ao serviço da sociedade, destinada a preservar e divulgar a história do empreendimento e a projetar o futuro através da inovação", lê-se no edital do concurso público para a elaboração do conceito do projeto, publicado hoje.
No mesmo edital acrescenta-se que o futuro museu "deverá afirmar-se como um símbolo cultural e arquitetónico integrando soluções físicas, digitais e itinerantes", funcionando também "como plataforma para a promoção do turismo cultural e cientifico, reforçando a ligação entre tecnologia, comunidade e território".
por outro lado, refere-se que o empreendimento, na vila do Songo, província de Tete, "é uma das maiores obras de engenharia de África e símbolo do desenvolvimento energético, tecnológico e sustentável de Moçambique e da região".
"O seu legado constitui património arqueológico industrial de elevado valor histórico, científico e cultural, sendo também motor de desenvolvimento da vila de Songo", lê-se.
No edital do procedimento é referido que o futuro museu terá, entre outras infraestruturas, uma oficina de restauro e conservação, espaço para exposições temporárias e permanentes, biblioteca e auditório, além de um espaço interativo.
Segundo dados oficiais, a HCB garante mais de 80% da produção de eletricidade em Moçambique, que fornece também aos países vizinhos, e já pagou cerca de 1.590 milhões de euros ao Estado moçambicano desde 2007.
A albufeira de Cahora Bassa é a quarta maior de África, com uma extensão máxima de 270 quilómetros em comprimento e 30 quilómetros entre margens, ocupando 2.700 quilómetros quadrados e uma profundidade média de 26 metros, contando com quase 800 trabalhadores, sendo uma das maiores produtoras de eletricidade na região austral africana, abastecendo os países vizinhos.
A barragem está instalada numa estreita garganta do rio Zambeze e a sua construção decorreu de 1969 a 01 de junho de 1974, durante o período colonial português, seguindo-se o enchimento da albufeira. A operação comercial teve início em 1977, com a transmissão dos primeiros 960 MW, produzidos por três geradores, face à atual capacidade instalada de 2.075 MW.
Apesar deste resultados, a HCB tem admitido desafios na produção e comercialização da eletricidade face aos baixos níveis de precipitação, culminando com reduzidos níveis de armazenamento das águas.
A HCB é detida em 85% pela estatal Companhia Elétrica do Zambeze e pela portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN) em 7,5%, possuindo a empresa 3,5% de ações próprias, enquanto os restantes 4% estão nas mãos de cidadãos, empresas e instituições moçambicanas.
O acordo de reversão da HCB, concluído em 2007, permitiu que o controlo da barragem passasse do Estado português para a contraparte moçambicana, num acontecimento descrito pelo então Presidente moçambicano, Armando Guebuza, como a "segunda independência de Moçambique".
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