Barragem moçambicana de Cahora Bassa em paragem para manutenção amanhã
- 25/10/2025
"A paragem total da estação eletroprodutora obrigará à abertura de um descarregador, como resultado da implementação de um conjunto de normas e princípios de gestão e operação de grandes barragens", refere a HCB, barragem construída na província de Tete, centro de Moçambique, em comunicado enviado à Lusa.
A operação, acrescenta, "será realizada em cumprimento das diretrizes ambientais que recomendam a manutenção de um caudal ecológico para a preservação dos ecossistemas fluviais, a biodiversidade e continuidade das atividades socioeconómicas das populações que se localizam no vale do rio Zambeze" a jusante da barragem de Cahora Bassa, nas províncias de Tete, Manica, Sofala e Zambézia, centro do país.
A HCB, que garante mais de 80% da eletricidade consumida em Moçambique e fornece aos países vizinhos, explica que vai proceder "à abertura de um descarregador de meio fundo a 80%" no período das 05:00 as 17:00 (menos duas horas em Lisboa) de domingo, "como medida hidrológica visando a minimizar os impactos ambientais e socioeconómicos a jusante, decorrentes da paragem total da estação eletroprodutora".
"Visto que implicará a indisponibilidade do caudal turbinado, o único que tem mantido, no dia-a-dia, o fluxo normal de água no vale do rio a jusante da barragem, no contexto atual de seca que se faz sentir sobre a bacia hidrográfica internacional do rio Zambeze", explica a empresa.
Sublinha tratar-se de uma "paragem programada", que será "implementada em coordenação com os principais clientes" da HCB, nomeadamente a EDM, de Moçambique, Eskom (África do Sul) e ZESA (Zimbábue) e outros operadores da rede SAPP (África austral), para "realizar intervenções de manutenção nos equipamentos principais de geração, transformação e transporte de energia", visando "o reforço e estabilização da capacidade de fornecimento de energia aos clientes".
"Esta intervenção, por motivos de segurança dos operadores e dos equipamentos, deverá ser feita com o sistema totalmente desligado, isolado e aterrado, pelo que é importante salientar que a hora de fecho do descarregador dependerá da efetiva entrada em funcionamento das linhas de transporte de energia", sublinha.
A HCB tem admitido desafios na produção e comercialização da eletricidade face aos baixos níveis de precipitação, culminando com reduzidos níveis de armazenamento das águas.
A albufeira de Cahora Bassa é a quarta maior de África, com uma extensão máxima de 270 quilómetros em comprimento e 30 quilómetros entre margens, ocupando 2.700 quilómetros quadrados e uma profundidade média de 26 metros, contando com quase 800 trabalhadores, sendo uma das maiores produtoras de eletricidade na região austral africana, abastecendo os países vizinhos.
A barragem está instalada numa estreita garganta do rio Zambeze e a sua construção decorreu de 1969 a 01 de junho de 1974, durante o período colonial português, seguindo-se o enchimento da albufeira. A operação comercial teve início em 1977, com a transmissão dos primeiros 960 MW, produzidos por três geradores, face à atual capacidade instalada de 2.075 MW.
A HCB é detida em 85% pela estatal Companhia Elétrica do Zambeze e pela portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN) em 7,5%, possuindo a empresa 3,5% de ações próprias, enquanto os restantes 4% estão nas mãos de cidadãos, empresas e instituições moçambicanas.
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