Autárquicas. Candidatos a Coimbra divididos sobre medidas para habitação
- 18/09/2025
Num debate na RTP3, com a presença dos sete candidatos à Câmara de Coimbra, a habitação dominou parte do embate entre os cabeças de lista.
O atual presidente da Câmara, José Manuel Silva, que se recandidata pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/IL/CDS/NC/PPM/MPT/V), defendeu o legado dos últimos quatro anos, apontando para o investimento de cerca de 40 milhões de euros que está a ser feito na Quinta das Bicas, em Taveiro, com a construção de mais de 200 fogos de habitação pública, e a perspetiva de mais fogos em arrendamento acessível (parte deles no antigo Teatro Sousa Bastos).
Sobre o encarecimento da habitação na cidade, o autarca considerou que a "lentidão" no passado nos processos de licenciamento era um dos fatores para o aumento dos preços, salientando que o seu executivo duplicou "de ano para ano a área licenciada em construção".
Também a candidata pela coligação Avançar Coimbra (PS/L/PAN), Ana Abrunhosa, apontou para o atraso nos licenciamentos como um dos problemas deste setor no concelho, mas entendeu que essa situação se mantém.
Além de agilizar esses processos, a candidata avançou com a promessa de construir mil novos fogos de arrendamento acessível no espaço de um mandato.
A proposta fez José Manuel Silva arregalar os olhos no debate, mas Ana Abrunhosa vincou que "é possível fazer mil e até fazer mais", alegando que há terrenos municipais para o efeito e que podem ser feitas parcerias com as cooperativas de habitação e empresas de construção.
Também Francisco Queirós, da CDU, defendeu que deve ser apoiado "o movimento cooperativo" e considerou que o atual esforço de construção de habitação social tem de "ir mais longe".
O vereador recordou que estavam identificadas 826 famílias carentes de habitação no concelho e a prioridade será assegurar-lhes uma resposta, mas que o problema neste setor não pode ser apenas resolvido com políticas locais.
José Manuel Pureza, do Bloco de Esquerda, propôs um levantamento de imóveis devolutos no concelho e aproveitou o momento para criticar as duas principais coligações e as suas opções no setor da habitação.
O candidato e antigo deputado considerou que o projeto da Quinta das Bicas é "um erro", criticando também Ana Abrunhosa por fazer "vídeos de propaganda a empresas de construção, que depois são retirados das suas redes sociais à pressa".
Já a candidata do Chega, Maria Lencastre Portugal, chamou a atenção para os "imensos edifícios devolutos em Coimbra", propondo que os proprietários devem ser ajudados na sua reabilitação, "através de acordos e conversas".
Além disso, referiu que haverá terrenos cedidos no âmbito de loteamentos aprovados que devem ser utilizados, nomeadamente com parcerias com a cooperativa existente em Coimbra (Cooperativa Mondego).
O candidato do ADN, Sancho Antunes criticou os atrasos nos processos de construção e a espera para os projetos serem aprovados, propondo também um programa em que convida "os proprietários das casas vazias e devolutas a cedê-las à Câmara, que vai recuperá-las e colocá-las no mercado de arrendamento".
Já o candidato da Nova Direita, Tiago Martins, defendeu "fiscalização das habitações" e considerou que seria possível construir os mil fogos prometidos por Ana Abrunhosa.
"Porque é que há tantas casas a cair?", questionou.
O executivo municipal é composto por 11 vereadores, tendo a coligação Juntos Somos Coimbra seis, o PS cinco e a CDU um.
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