Aumento de vítimas de minas terrestres soma quase 6.300 pessoas em 2024
- 01/12/2025
Segundo avança a Campanha Internacional para a Proibição das Minas Terrestres no relatório de Monitorização das Minas Terrestres de 2025, houve um "aumento acentuado" do número de vítimas, com 6.279 pessoas mortas ou feridas por este tipo de armas.
O documento sublinha que 90% das vítimas foram civis e que quase metade eram crianças.
O aumento, adiantam as ONG no relatório, deveu-se principalmente às minas deixadas em países afetados por conflitos, especialmente aqueles fora do âmbito do tratado de proibição.
Os mais afetados foram Myanmar, que registou o maior número de vítimas em todo o mundo pelo segundo ano consecutivo, e a Síria, onde os civis enfrentam mais esse risco à medida que regressam a casa na sequência da queda do regime de Bashar al-Assad, em dezembro passado.
"Os Estados não signatários [do Tratado de Proibição de Minas] Myanmar, Rússia, Índia e Coreia do Sul continuam a ser responsáveis pelo uso generalizado de minas antipessoais", apontam os autores do relatório, admitindo que a Ucrânia é uma nova preocupação, já que poderá ter começado a usar essas armas.
"As conclusões deste ano deixam clara tanto a dimensão dos novos desafios como a necessidade de nos mantermos unidos no cumprimento do compromisso" de manter a proibição de minas, defendeu o responsável pelo relatório Mark Hiznay.
"Cinco Estados renunciaram às obrigações previstas no tratado numa questão de meses", alertou, lembrando que o impacto do uso de minas, em termos de vítimas e de contaminação de terrenos, prolonga-se por muitas décadas após o fim dos conflitos.
O documento aponta, no entanto, que mais de metade dos Estados-membros afetados conseguiu, em 2024, reduzir a contaminação por minas nos seus territórios.
Assinado originalmente em 1997, o tratado é constituído por dois documentos, uma convenção que proíbe o uso, armazenamento, produção e transferência de minas antipessoais, e outra que prevê a destruição das minas para proteger civis, especialmente as crianças, que são as principais vítimas.
Congratulando-se com o número crescente de signatários do tratado -- que contabiliza 166 países -, os autores adiantam que 31 Estados conseguiram remover, desde 1999 até ao ano passado, todas as minas antipessoais dos seus territórios, tendo Omã sido o último a anunciar o cumprimento desse objetivo, já em 2025.
No entanto, ressalva, "o caminho para um mundo livre de minas está a ser testado de diversas formas significativas".
A área total desminada, afirmam os analistas, diminuiu em comparação com anos anteriores, devido à redução do financiamento dos doadores e a uma crescente insegurança das regiões afetadas.
"Mesmo os países com pequenas quantidades de contaminação remanescente estão a ter dificuldades em cumprir as suas obrigações de desminagem devido à falta de apoio financeiro", avisam, sublinhando que as contribuições dos doadores para ajuda às vítimas caíram quase 25% em 2024.
"Estes desafios agravaram-se ainda mais no início de 2025, quando o maior doador para ações contra minas, os Estados Unidos, implementou um congelamento da ajuda externa", adianta o documento divulgado pela coligação de ONG.
A isso, lembram, "seguiu-se o encerramento de vários programas humanitários de desminagem e a contínua incerteza relativamente ao futuro de outros, aprofundando a crise de financiamento em muitos países afetados".
Para outra das responsáveis pelo relatório, Ruth Bottomley, a redução do financiamento é alarmante e tem de ser revertida com urgência.
O relatório do Monitor de Minas Terrestres deste ano está a ser divulgado a propósito da 22.ª reunião dos Estados-membros do Tratado de Proibição de Minas, que começa hoje em Genebra.
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