Acordos com Portugal têm de resultar em "coisas concretas" para os povos
- 09/12/2025
"Estão a ser preparados vários instrumentos jurídicos, cerca de 21 instrumentos. Isto é uma demonstração clara e inequívoca das excelentes relações que existem entre Portugal e Moçambique", afirmou Daniel Chapo, no Porto, onde decorre na terça-feira a sexta cimeira entre os dois países, assumindo o objetivo: "reforçar cada vez mais as excelentes relações".
Daniel Chapo tomou posse como quinto Presidente de Moçambique em janeiro último e esta é a segunda visita a Portugal em menos de seis meses. Na cimeira do Porto, além do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, participam ainda cerca de vinte ministros dos dois governos.
Os instrumentos jurídicos a rubricar, incluindo acordos de cooperação e memorandos de entendimento, envolvem os dois Estados diretamente, mas também empresas públicas dos dois países, incluindo em novas áreas como comunicações e transformação digital ou infraestruturas.
Para Chapo é, preciso "consolidar cada vez mais" as relações económicas com Portugal, apesar de Moçambique ter sido apenas o 77.º fornecedor de bens ao mercado português em 2024.
A solução, afirma, é aumentar a produtividade da economia moçambicana, começando pela agricultura e turismo: "Esta é que é a nossa luta".
Desta forma será possível aumentar as exportações para Portugal, passando também pela necessidade de infraestruturas em Moçambique, além dos hidrocarbonetos, setor que está a retomar, após a suspensão de megaprojetos de gás em Cabo Delgado, no norte, devido ao terrorismo.
"Com os projetos que estão a ser retomados ao nível da bacia do Rovuma vão aumentar a capacidade de produção de hidrocarbonetos de Moçambique e, consequentemente, Moçambique vai aumentar as suas exportações, não só de hidrocarbonetos (...). Isto vai aumentar, sem margem para dúvidas, o nível de fornecimento de mais produtos a Portugal e tenho a certeza absoluta que é o nível do ranking que nos próximos anos Moçambique vai melhorar, como um dos parceiros de fornecimento a Portugal", disse.
Dos entendimentos a alcançar com Portugal nesta cimeira, Chapo quer resultados com "coisas concretas" para os dois povos: "Achamos que é importante entre Portugal e Moçambique trabalharem no setor de infraestruturas. Estou a falar da questão relacionada com a construção, principalmente de estradas e de outras infraestruturas extremamente importantes. Não é possível desenvolvermos a economia sem que as infraestruturas estejam devidamente desenvolvidas".
Defendeu que Portugal pode apoiar com financiamento privado a atividade que desenvolve em Moçambique, na agricultura, turismo, restauração, comércio, industrialização e infraestruturas, "permitindo aumentar a capacidade da economia moçambicana em fornecer mais produtos em Portugal".
"Vão ser ganhos de ambas partes. Em Moçambique, este financiamento a ser investido vai dar emprego à juventude, vai gerar renda para as famílias, vai aumentar a capacidade de pagamento de imposto dessas empresas ao nível de Moçambique", disse, sublinhando que Portugal ganha com o "fornecimento de mais produtos" e o financiamento "vai ter retorno no mercado financeiro português".
"Por isso é que eu acho que estes instrumentos jurídicos vão trazer benefícios tanto para o povo moçambicano como para o povo português, que é o objetivo, portanto, da nossa governação, tanto do Governo português como do Governo moçambicano", concluiu.
As exportações de bens portugueses para Moçambique, lideradas por medicamentos, aumentaram 0,8% em 2024, para 216,1 milhões de euros, enquanto as importações valem cerca de 10% desse valor, sendo o mercado moçambicano apenas o 77.º fornecedor de Portugal.
Segundo dados fornecidos à Lusa pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), sobre as relações comerciais entre os dois países, que além da sexta cimeira bilateral realizam no mesmo dia, também no Porto, um fórum empresarial, as exportações moçambicanas de bens até recuaram 25,8% de 2023 para 2024, para 26,2 milhões de euros.
Em 2024 Portugal contava com 1.158 empresas a exportar para Moçambique - contra 1.508 em 2020 -, sendo mais de metade (54%) representativas de um volume de negócios entre um e dez milhões de euros.
Além destas, cerca de 500 empresas em Moçambique têm capital português. Dados oficiais indicam ainda que um quarto das 100 maiores empresas de direito moçambicano são de capitais portugueses, incluindo os dois maiores bancos do país, o BCI, liderado pelo grupo Caixa Geral de Depósitos, e o Millennium BIM, do BCP, somando cerca de 4,5 milhões de clientes.
Leia Também: Daniel Chapo quer solução para diferendo com a Galp pelo "diálogo"





.jpg)






















































