Lula defende multilateralismo e livre comércio durante visita à Malásia
- 25/10/2025
Kuala Lumpur, 25 out 2025 (Lusa) - O Presidente brasileiro, Lula da Silva, defendeu hoje, na Malásia, a necessidade de reforçar os organismos multilaterais e o livre comércio, para "mudar o mundo".
"A relação do Brasil com a Malásia muda de patamar a partir de hoje. Eu não vim aqui apenas com o interesse de vender ou com o interesse de comprar. Vim aqui para dizer ao [primeiro-ministro malaio] Anwar [Ibrahim] que temos a possibilidade de mudar o mundo, de fazer com que as coisas melhorem", disse Lula da Silva numa conferência de imprensa após o encontro com líder malaio.
Num discurso de 20 minutos, o dirigente latino-americano apelou à paz, ao comércio livre e ao fim da fome.
"O mundo precisa de paz, não de guerra. O mundo precisa de comércio livre e não de protecionismo. Quero dizer ao mundo que precisamos de mais comida e menos armas", afirmou.
O líder brasileiro disse ainda que o Conselho de Segurança da ONU "não funciona", ao apontar os membros permanentes como instigadores de guerras.
"As instituições multilaterais que foram criadas para tentar evitar que essas coisas acontecessem deixaram de existir (...) Todas as guerras recentes foram determinadas por pessoas que fazem parte do Conselho de Segurança da ONU", disse.
Lula da Silva, que esta semana confirmou que vai concorrer às eleições de 2026, sublinhou ainda a necessidade de implementar políticas de combate à crise climática.
"Nós, os líderes políticos, temos de tomar decisões sobre o que fazer. Não podemos pensar apenas no nosso país", declarou o Presidente do Brasil, que acolhe em novembro a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.
Anwar elogiou "a coragem" de Lula, sublinhando a "estreita amizade" entre os líderes, devido a "convicções e ideais comuns", e disse que iria trabalhar para garantir que as relações bilaterais "vão além do comércio e do investimento".
Os dois líderes presidiram à assinatura de sete acordos bilaterais na capital da Malásia, em áreas como semicondutores, ciência, tecnologia e inovação, entre outras.
O líder brasileiro vai estar esta tarde na Universidade Nacional da Malásia, onde vai ser agraciado com um doutoramento Honoris Causa em Desenvolvimento Internacional e o Sul Global, "em reconhecimento pela liderança, contribuições e compromisso de Lula com o desenvolvimento internacional, particularmente no avanço do Sul Global".
Na capital da Malásia, Lula participa também, a partir de domingo, na cimeira de líderes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), sendo o primeiro líder brasileiro a assistir ao evento.
Lula vai estar presente na qualidade de atual presidente do grupo de economias emergentes BRICS.
À margem da cimeira, que decorre de 26 a 28, o Presidente do Brasil poderá encontrar-se com o homólogo norte-americano, Donald Trump, o que, apesar de não estar confirmado, não foi descartado por Brasília, que sublinhou, esta semana, que "há espaços" disponíveis na agenda.
Lula disse na sexta-feira estar "interessado nesse encontro", com o objetivo de "defender os interesses do Brasil e mostrar que houve um erro nas tarifas sobre o Brasil".
"Penso que nos vamos encontrar, sim", afirmou esta sexta-feira Trump a jornalistas a bordo do avião presidencial Air Force One.
O Brasil e os Estados Unidos estão a viver uma crise diplomática sem precedentes, depois de Trump ter imposto tarifas de 50% sobre grande parte dos produtos brasileiros, na sequência do julgamento em que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão.
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