Comité Nobel condena detenção de Narges Mohammadi
- 13/12/2025
"Dada a estreita colaboração entre os regimes do Irão e da Venezuela, o Comité Nobel norueguês salienta que Mohammadi foi detida precisamente no momento em que o Prémio Nobel da Paz foi atribuído à líder da oposição venezuelana, María Corina Machado", indicou num comunicado.
O Comité sugere que a detenção da laureada iraniana possa estar conectada com a atribuição do mesmo galardão à líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, cujo país, sob a liderança do Presidente, Nicolás Maduro, é aliado de Teerão.
O comunicado, assinado pelo presidente do Comité Norueguês do Nobel, Jorgen Watne Frydnes, apelou também às autoridades iranianas para que "esclareçam imediatamente o paradeiro de Mohammadi" e "garantam a sua segurança e integridade".
"O Comité manifesta a sua solidariedade para com Narges Mohammadi e todos aqueles que, no Irão, trabalham pacificamente em prol dos direitos humanos, do Estado de Direito e da liberdade de expressão", acrescentou a nota.
O Irão confirmou hoje a detenção de Mohammadi, juntamente com outros ativistas, durante uma cerimónia em memória de um advogado de direitos humanos, alegando dever-se ao uso de 'slogans' proibidos.
"Esta detenção temporária foi realizada por ordem do Ministério Público e teve como motivo a expressão de 'slogans' que violavam as normas", declarou Hassan Hosseini, governador de Mexede, na província de Coração Razavi, no nordeste do Irão, próximo das fronteiras com o Afeganistão e com o Turquemenistão.
Citado pelo diário local Jorassan, Hosseini explicou que o Conselho de Segurança da cidade tinha previamente coordenado a presença destas pessoas no funeral de Khosrow Alikordi, advogado de direitos humanos encontrado morto na semana passada, realizado numa mesquita em Mexede, "sob o compromisso de realizar o evento num ambiente tranquilo".
No entanto, argumentou, "um grupo não respeitou esse ambiente e começou a entoar palavras de ordem fora da mesquita", pelo que o Ministério Público acabou por intervir, detendo Mohammadi e outras pessoas "para evitar problemas maiores" e com o objetivo de "proteger os próprios detidos".
Horas antes, a Fundação Narges, gerida pela família da Nobel desde Paris, tinha informado da sua detenção "violenta", juntamente com os ativistas Asadollah Fakhimi, Akbar Amini, Hasan Bagherinia e Abolfazl Abri.
Mohammadi proferiu um discurso no evento e entoou palavras de ordem como "Viva o Irão", segundo vídeos divulgados na conta pessoal na rede social X.
Outras imagens mostram os presentes a gritar 'slogans' contra a República Islâmica, incluindo "Morte ao ditador".
A laureada com o Nobel da Paz 2023 encontrava-se em liberdade condicional e, no final de novembro, denunciou publicamente que as autoridades iranianas lhe tinham proibido de forma "permanente" sair do país e que não lhe emitiam passaporte para poder visitar os seus dois filhos, que não vê há 11 anos.
Mohammadi, de 53 anos, encontra-se fora da prisão há um ano, quando foi libertada por motivos médicos. A ativista foi detida por 13 vezes, condenada em nove ocasiões e esteve encarcerada pela última vez em 2021.
Apesar das condenações e da prisão, a ativista de direitos humanos e direitos das mulheres tem continuado a denunciar as violações de direitos humanos no Irão, incluindo a aplicação da pena de morte e a violência contra mulheres que não usam o véu islâmico, o 'hijab'.
Leia Também: Autoridades iranianas confirmam detenção da Nobel da Paz Narges Mohammadi





.jpg)






















































